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A nova mãe e a universidade

A nova mãe e a universidade
Luna Karine Rossetto Cortiane
Oct. 21 - 4 min read
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M Um dos objetivos de fazer um planejamento para se ter filhos, é justamente para que ele não chegue quando em momentos não tão oportunos, como por exemplo, mudança de emprego, instabilidade financeira, e até mesmo quando a mãe ainda está cursando faculdade.

A chegada de um bebê, quase sempre, traz alegria para toda família, nova vida, novos ares, traz esperança...É quando a vovó pode mimar de toda as formas que não fez com os filhos, é quando as tias trazem mimos, mas quando o pequenino chora, devolvem para  a mãe, é os pais babando horas e horas quando saem as primeiras risadinhas e sons... Mas e a mãe? A mãe de primeira viagem que ainda está na faculdade, que não se imagina deixando seu filho para estudar algumas horas no período noturno. Ela que fica em um ciclo durante 24 horas de: alimentar, ninar, segurar no colo para não acordar, trocar, alimentar novamente, ninar, admirar, dar banho, alimentar...

A mamãe que também é recém-nascida, vive a ambiguidade do: ‘’eu te amo tanto” ao “o que fui fazer da minha vida?” E se vê afundando num mar de coisas infinitas para fazer, enquanto seu filho, que ainda não sabe de sua própria existência, só quer saber do seu colo. A nova mãe ainda está na faculdade, não o bebê não foi planejado, embora ela já fosse casada não acreditava que já seria a hora, e um dos principais motivos era: estar estudando, pois bem, “estou grávida, e agora?”. Ansiedade de saber o sexo, a escolha do nome, comprar o enxoval, montar o quarto, será que teremos espaço? Ficar horas no balcão com o atendente vendo a paleta de cores, para acabar ficando branco; e as roupas de gestante? Nada mais está entrando, a cada semana o manequim aumenta.  A licença do trabalho, contar para a chefe! Que frio na barriga...Frequentando as aulas até a 38º semana, a moça que está se sentindo plena com uma barriga de 9 meses, também já sente a exaustão do final da gestação, e, nem pensa em como será a sua volta aos estudos, quando tudo isso passar.

Depois que nasce o primeiro filho, a faculdade não é nem a última coisa que se pensa, tudo é uma grande novidade, logo as mudanças são repentinas, complexas, e assustadoras muitas vezes. O bebê demanda inteiramente da mãe de uma forma que exige tanto dela, que surge a sensação de que junto com a maternidade nascem superpoderes. Há muita privação de sono., noites inteiras em claro sem descobrir o motivo de tanto choro. Há dias de vacina, de consultas... São tantos os afazeres que a mamãe realmente nem lembra que ainda estuda. Mas uma hora os e-mails e as cobranças começam a chegar, os trabalhos, os artigos para ler, as provas para agendar. E a nova mãe precisa dar um jeito para que tudo fique em dia, afinal a vida não pode parar, é isso que as pessoas dizem não...? Ela precisa de um tempo para se organizar, e o consegue na madrugada, quando há um sono de verdade do seu bebê. O tratamento da universidade, que deveria ser excepcional no período de afastamento, é mais complexo do que parece, atividades extensas com prazos curtos, inúmeros conteúdos para realizações de provas em datas apertadas, uma equipe nada maleável está do outro lado, sem se quer pensar ou ter ideia da bagunça que se tornou a vida daquela universitária que agora tem um bebê para cuidar.

Realmente, não é fácil conciliar. Ser mãe em tempo integral de um ser tão pequeno e dependente exige até o que não se tem, vai muito além 100%. Mas é preciso resolver, por mais difícil que seja, lá no fundo uma sensação boa surge, uma satisfação no meio de tanto cansaço e preocupação, é quando se entende o quanto é necessário resgatar um pouquinho da vida antiga para se sentir viva novamente. E mesmo que seja nas madrugadas, utilizando talvez as únicas horas que poderia dormir, a nova mãe, que não tem superpoderes, dará conta, mesmo sempre achando o contrário, e imprescindivelmente  sempre irá aconselhar: Não tenha filhos enquanto estiver cursando a faculdade.


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