Se você está grávida, ou tentando, com certeza já chegou até você alguma informação sobre o parto humanizado. Alguém veio falar maravilhas, outros vieram falar que é frescura e você, ali no meio, ficou sem saber direito o que achar.
O conceito de parto humanizado é amplo. Mas, de forma geral, indica uma caminho de parir que respeita a mulher e o bebê, que evita procedimentos desconfortáveis desnecessários, que respeita o desejo da mãe e que acolhe calorosamente o recém-nascido.
Parto humanizado é um processo
Ou seja, parto humanizado é mais um processo do que um método. Até porque, se ele busca ser humano, precisa se adaptar às individualidades e peculiaridades de cada nascimento.
No protocolo do Ministério da Saúde, está registrado que “é dever de toda unidade de saúde receber e tratar com dignidade a mulher, seus familiares e o nascituro, através de atitudes éticas e solidárias por parte dos profissionais de saúde e da instituição, criando ambiente acolhedor e instituindo rotinas que rompam com o tradicional isolamento da mulher”.
Além disso, estimula a “adoção de medidas e procedimentos benéficos à mulher e ao bebê, evitando práticas intervencionistas desnecessárias e que com frequência acarretam riscos a ambos”. Isso significa que todo parto deve partir de um ambiente respeitoso, carinhoso e sem práticas desnecessárias.
Vontade da grávida é respeitada
Em outras palavras: raspagem dos pelos pubianos só se a mulher desejar; episiotomia (aquele corte no períneo para facilitar a saída do bebê) não deve ser regra; a gestante pode e deve se movimentar, se sentir vontade; pode ter um acompanhante durante todo o processo e pode ser acompanhada por uma doula, que ajuda no trabalho de parto.
A sala de parto também deve seguir essa linha. É preferível que não esteja muito fria, já que a mulher estará sem roupa, ou com a camisola do hospital, precisa ter espaço para a mãe andar e se movimentar se tiver vontade, não precisa estar iluminada demais para não incomodar o bebê assim que ele nascer.
Em algumas maternidades, há chuveiro e até banheira disponível. Não é obrigatório e não é essa estrutura que faz o parto ser humanizado. Mas estar disponível é ótimo, porque são recursos que apoiam a mulher durante o trabalho de parto.
Luzes relaxantes no teto e a possibilidade de tocar música também estão à disposição em alguns hospitais que oferecem um ambiente próprio para o parto humanizado. Essas salas são chamadas de Labor Delivery Room, ou sala do trabalho de parto.
Num parto humanizado, diferente do parto tradicional, a vontade da mulher é muito mais ouvida. Essa é a principal diferença. Claro que a saúde e a segurança da mãe e do bebê devem estar em primeiro lugar e a equipe sabe disso. No entanto, o que puder ser adaptado para atender a parturiente, deve ser feito.
Isso vale para cesarianas também?
Sim! Há quem defenda que a cesárea não pode ser um parto humanizado por ser uma cirurgia de médio porte e, portanto, com muitas intervenções e com pouca ação e decisão da mãe.
É uma questão de interpretação. Os especialistas que defendem o parto humanizado sugerem:
- Luz suave para não ofuscar o recém-nascido;
- temperatura agradável;
- música tocando;
- o acompanhante escolhido pela mãe, ou do médico para ver o nascimento;
- procedimento sem pressa, mas com atenção;
- baixar o campo (aquele tecido que impede a mãe de ver a cirurgia sendo feita) na hora da retirada do bebê para a mãe vê-lo nascendo;
- o bebê mamar assim que nasce;
- o pai cortar o cordão umbilical e dar o primeiro banho ainda na sala de cirurgia.
Tudo isso torna a cesariana mais humanizada e acolhedora sim. Faz diferença para a família e para o pequeno que acaba de chegar. Acontecendo com todos esses cuidados, de fato, a cesárea fica muito próxima de um parto natural sem interferências médicas desnecessárias.
Repare também como não é a via por onde o bebê nasce que faz de um parto humanizado ou mais violento. O parto pode ser normal e, ainda assim, a mãe e o bebê sofrerem intervenções desconfortáveis, dolorosas e desnecessárias, como aquelas ditas lá em cima: raspagem dos pelos, impedimento de se mexer, episiotomia, além de um tratamento pouco gentil por parte da equipe.
Obstetras listam os procedimentos que desumanizam o parto:
- Exames vaginais sucessivos para ver a dilatação;
- anestesia e analgesia sem consentimento da mulher;
- monitoramento permanente dos batimentos cardíacos fetais e da contração uterina por meio eletrônico, que incomodam e estressam a gestante;
- posição deitada fixa da mãe, mãos ou pernas amarradas durante o processo;
- jejum forçado;
- uso de soro e medicamentos para controlar a contração (para aumentar ou diminuir);
- episiotomia;
- uso de fórceps;
- manipulação do bebê, como aspiração mecanizada de vias aéreas, aplicação de colírios e vacinas sem prévio consentimento dos pais;
- luz, ruídos e ar condicionado excessivos;
- qualquer limitação de movimentação;
- lavagem intestinal;
- depilação da região genital.
Bastante coisa, né?
Nem sempre a mulher sabe que terá de passar por tudo isso para dar à luz. É importante, por isso, estar bem informada do que acontece na sala de parto para escolher o que quer e o que não quer.
Respeitando o conhecimento e a experiência da equipe, claro, e nunca colocando em risco a saúde da mãe e do bebê, dá para negociar algumas substituições se você desejar um parto humanizado.
Converse com seu médico sobre como ele e a equipe costumam trabalhar. Se estiver de acordo com as expectativas da grávida, ótimo. Caso contrário, cheguem a um acordo, ou mesmo procure uma equipe mais de acordo com o que é importante para você.
Lembrando que o parto é um momento único e deve ser vivido num ambiente de muita atenção, acolhimento e consciência de quanto especial ele é.
Se você quer um parto humanizado, ou tem alguma experiência boa ou ruim, comente aqui no post. Também é bacana compartilhar esse conteúdo no Facebook para informar, esclarecer e compartilhar com outras mães e pais o que é um parto humanizado e como proceder para garantir que o nascimento do bebê se dê num cenário de carinho e acolhimento, exatamente como os pais sonharam.