Os bebês podem não nascer com manual de instruções, mas, quando o assunto é seu cocô, a cor, o odor, a consistência e a aparência podem nos dizer muito sobre a saúde e o desenvolvimento dos pequenos – basta saber “ler” o que encontramos nas fraldas. Pois nós da Alô Bebê reunimos neste artigo tudo o que você precisa saber sobre as fezes do seu filhote.
Começando do começo!
Assim que os bebês nascem e começam a mamar, eles também passam a fazer cocô, já que uma coisa é consequência da outra, certo? Entretanto, em recém-nascidos, nos primeiros dias, as fezes não têm a aparência à qual estamos acostumados. Chamado “mecônio”, ele consiste em uma substância de cor preto-esverdeada, meio parecida com petróleo, que se forma no intestino do bebê durante a gestação.
Esse material é composto por células epiteliais, muco, líquido amniótico etc. e começa a ser eliminado após as primeiras mamadas, quando o recém-nascido consome o colostro da mãe, aquele primeiro leite mais aquoso e clarinho – que funciona como laxante. Nos primeiros 2 a 4 dias de vida, mais ou menos, é essa substância pegajosa e estranha que a criança evacua, e só após o pequeno mamar o leite materno mais vezes é que as fezes começam a mudar.
Frequência e texturas
Os bebês que recebem leite materno geralmente fazem cocô com mais frequência e mais molinhos do que os que são alimentados com fórmulas, e a periodicidade das evacuações varia de criança para criança. Antes de os pequenos completarem 1 mês ou 1 mês e meio, eles fazem bastante cocô, tanto que é comum que alguns evacuem depois de cada mamada. Outros fazem com menos regularidade, mas é normal que os pequenos defequem de 5 a 6 vezes por dia – às vezes mais que isso.
Sobre a consistência, no caso dos recém-nascidos, como sua dieta é composta exclusivamente de leite – seja ele materno ou fórmula –, as fezes contêm bastante líquido e, portanto, são pastosas e têm textura que lembra a da mostarda, só que com gruminhos, como se ela tivesse sido misturada com um pouco de coalhada. Ademais, tipicamente, as fezes dos bebês alimentados por fórmulas costumam ser menos frequentes, mais volumosas e um pouco mais espessas do que as dos que recebem aleitamento materno.
Se o recém-nascido evacuar menos de uma vez ao dia nas primeiras semanas de vida, pode ser que ele não esteja consumindo leite suficiente. Ademais, caso o pequeno evacue bolotinhas duras e mais secas, esse pode ser um indicativo de constipação. Outra possibilidade é que o bebê tenha algum tipo de intolerância ou sensibilidade a algo presente no leite materno ou na fórmula ou, ainda, que se trate de desidratação, e sinais adicionais seriam falta de saliva, lágrimas e o fato de a fontanela parecer mais afundada que o normal.
Em contrapartida, se a frequência das evacuações aumentar de repente e a consistência das fezes se tornar mais líquida, pode ser que o bebê tenha diarreia, e é importante que a causa seja investigada, já que pode se tratar de uma infecção ou alergia, algo potencialmente perigoso para os pequeninos. Em qualquer dessas situações, antes de medicar o bebê, tentar usar um supositório ou reverter o problema por conta, entre em contato com o pediatra.
Já depois do primeiro mês, a frequência começa a variar bastante – e os bebês que são amamentados podem inclusive passar um ou mais dias sem evacuar. Assim, enquanto algumas crianças fazem cocô diariamente, outras farão a cada 2 dias, por exemplo, e, desde que as fezes tenham consistência pastosa, o pequeno não demonstre sentir desconforto, não comece a ficar irritadiço e choroso e a regularidade não sofra mudanças bruscas, tudo é considerado dentro do normal.
Decifrando as cores
Após a eliminação do mecônio, nos primeiros dias, as fezes dos bebês se tornam mais esverdeadas. Depois, os pequenos que são amamentados no peito começam a fazer cocô com coloração amarelada, lembrando a cor e a consistência da mostarda, enquanto as fezes das crianças alimentadas com fórmula têm consistência um pouco mais firme e com tom mais escuro, puxando para a cor de canela.
O odor das fezes não é o mesmo ao qual estamos habituados, mas, com o tempo, conforme as mamadas vão se tornando mais espaçadas, o cocô vai ficando mais escuro, menos consistente e as evacuações, menos frequentes, com o cheirinho gradualmente mais forte. Depois, quando outros alimentos começam a ser introduzidos na dieta – como papinhas de frutas e verduras, por volta dos 6 meses –, a gama de cores e odores aumenta, obviamente, e a periodicidade das evacuações pode diminuir.
A tonalidade do cocô depende muito do que a criança ingere e pode, portanto, se tornar esverdeada quando ela consumir verdurinhas, vermelha quando comer beterraba, e até apresentar pedacinhos coloridos, já que seu sistema gastrointestinal ainda não consegue digerir muito bem os alimentos.
Resumindo, a cor do cocô varia segundo o que a criança consome, a velocidade que o alimento leva para passar pelo organismo e a quantidade de bile envolvida no processo. Assim, depois de eliminar o mecônio e começar a ingerir leite, o “mamá” passa rapidinho por seu sistema e sai amarelo. Conforme o tempo passa e o processo de digestão do leite fica mais lento, o cocô se torna esverdeado e, eventualmente, com a complementação da dieta com outros alimentos, marrom.
Sinais de alerta
Apesar da variedade de cores, texturas e odores, existem alguns sinais aos quais os adultos devem ficar alertas. O cocô contendo pontinhos pretos pode indicar a presença de sangue digerido nas fezes e normalmente é proveniente da mãe, quando os mamilos têm rachaduras, então não costuma representar problemas. Contudo, é válido checar com o pediatra se realmente não se trata de um sintoma de algo mais sério.
No caso de sangue em tom vivo, se o bebê estiver constipado, a passagem do cocô pode estar causando fissuras no ânus. Mas talvez o pequeno tenha alergia à proteína do leite e esteja reagindo aos laticínios – ou outros produtos – que a mãe consome no dia a dia. A presença de muco esverdeado, apesar de aparecer quando as crianças produzem mais saliva, pode indicar infecção e, por fim, fezes esbranquiçadas podem significar falta de bile e, assim, problemas de digestão ou no fígado.
Mais que uma necessidade fisiológica, o cocô do bebê pode indicar muitas coisas importantes sobre a saúde dele, e nós da Alô Bebê esperamos ter sanado, neste artigo, algumas das dúvidas mais comuns. Gostou do conteúdo? Não deixe de conhecer a nossa comunidade e compartilhar conteúdo com outras mamães!