A fala, como todos sabem, está entre os muitos marcos no desenvolvimento dos pequenos. Entretanto, assim como acontece com outras habilidades que os bebês adquirem conforme vão crescendo – como é o caso de aprender a caminhar, a se alimentar sozinhos e ganhar mais autonomia e independência –, quando isso ocorre exatamente depende e varia bastante de criança para criança.
Ainda assim, embora alguns pequenos contem com mais desenvoltura do que outros, é esperado que todos tenham acumulado uma variedade de habilidades de acordo com a etapa de desenvolvimento em que se encontram. Contudo, com relação à capacidade de se comunicar, determinar se a criança está progredindo como deveria ou se ela apresenta algum atraso estão entre as questões que mais causam dúvidas entre os pais – por isso, nós aqui da Alô Bebê decidimos compartilhar este artigo.
O que esperar?
As crianças aprendem a falar durante os primeiros 2 anos de vida, mas a verdade é que o processo de aprendizado começa muito antes disso. Nos últimos anos, vem crescendo o número de especialistas que defendem o conceito de que a compreensão e o desenvolvimento da linguagem tem início quando o bebê ainda se encontra no útero e, segundo essa linha de pensamento, antes mesmo de nascer, a criança já passa a se habituar e até a diferenciar o som da voz da mãe dentre as das demais pessoas que convivem com a gestante.
Antes de balbuciarem as primeiras palavras, os pequenos começam a aprender regras de linguagem e como os adultos as usam para se comunicarem. Então, aos poucos, os bebês passam a usar a língua, os lábios e o céu da boca para produzir sons e ruídos que, gradualmente, vão se transformando em palavrinhas e frases. Porém, o progresso esperado para cada fase de desenvolvimento é:
Dos 0 aos 3 meses
O choro do bebê é a sua primeira forma de comunicação – e, efetivamente, não demora até os pais aprenderem a identificar o que cada tipo quer dizer. Sendo assim, nos primeiros 3 meses de vida, a criança vai apresentar choros diferentes para expressar se está com fome, sono, algum tipo de desconforto ou quando precisa trocar de fralda. Também é ao longo desse período que o pequeno começa a usar uma variedade de barulhinhos para se comunicar com os pais e a reconhecer tons de voz.
Dos 4 aos 6 meses
Nessa fase, as crianças já começam a combinar vogais e consoantes para formar ruídos e, por volta dos 6 meses, são capazes de reconhecer o próprio nome. Durante esse período, o repertório de vocalizações aumenta bastante e, apesar de os pequenos muitas vezes repetirem palavrinhas como “mama” e “papa” – e encherem os pais de emoção e orgulho! –, a verdade é que eles ainda não conseguem relacionar essas vocalizações com a figura da mãe ou do pai.
Dos 7 aos 12 meses
A partir dos 6 meses, as vocalizações já começam a fazer um pouco mais de sentido, visto que a criança passa a experimentar mais com diferentes entonações e padrões de fala e tenta copiar a forma como os adultos se comunicam. Por volta dos 9 meses, os bebês começam a usar diferentes tons de voz e a “costurar” os sons para formar palavras, ainda que eles não entendam exatamente o seu significado; e, antes dos 12 meses, as crianças também devem ser capazes de prestar atenção aos sons e começar a reconhecer nomes de objetos comuns – como naninha, brinquedo, copo etc.
Dos 12 aos 15 meses
Nessa fase, os pequenos já devem apresentar um repertório um pouco maior e ser capazes de imitar sons e palavras que eles ouvem, assim como ter habilidade de falar algumas palavras – além de “mama” e “papa”. Geralmente, o vocabulário começa a se expandir a partir do aprendizado dos nomes dos objetos e das pessoas com as quais os pequenos interagem, somando por volta de 20 palavras. Ademais, durante essa etapa do desenvolvimento, é esperado que as crianças consigam entender e seguir orientações simples, como quando pedimos que elas nos passem alguma coisa ou guardem um brinquedinho.
Dos 18 aos 24 meses
Entre os 18 e os 24 meses, mais ou menos, é esperado que as crianças tenham acumulado um vocabulário de 50 ou mais palavras, e é a partir dessa fase que elas começam a combinar palavras para criar frases simples, como “bebê chorando”, “mamãe comida” e “bola grande”. Os pequenos também devem ser capazes de identificar objetos comuns e pessoas em fotografias, reconhecer partes do corpo – como olhos, orelhas, nariz e pés – e seguir ordens compostas por duas etapas, como “pegue o brinquedo e dê para mim”.
Dos 2 aos 3 anos
Nessa idade, o desenvolvimento da fala deve dar um grande salto, já que o vocabulário do pequeno deve aumentar bastante e ser composto de, pelo menos, cem palavras. Além disso, a criança já começa a combinar mais de três ou quatro vocábulos para formar frases, a sua capacidade de compreensão também aumenta, e o pequeno deve conseguir entender e executar ordens simples, além de ter desenvolvido a habilidade de reconhecer cores e compreender conceitos descritivos, como diferenciar o que é grande do que é pequeno, quente de frio etc.
Quando devemos nos preocupar?
Na realidade, toda vez que o bebê vai ao pediatra, o médico checa se ele está alcançando os marcos de desenvolvimento dentro do esperado. Portanto, se houver algum problema, o profissional encaminhará a criança a um especialista. Entretanto, os pais podem – e devem – ficar atentos, uma vez que ninguém conhece melhor os filhos do que eles, mas alguns sinais de alerta são:
Se até os 6 meses o bebê não fizer ou tentar produzir sons, não fizer contato visual com os pais e não responder ao próprio nome.
Se até os 9 meses o bebê não balbuciar ruídos ou não for capaz de se comunicar através de gestos – como acenar, apontar e bater palminhas – e formar palavrinhas com até 1 ano.
Se o bebê preferir se comunicar por gestos em vez de vocalizações e ter dificuldade para imitar sons ou entender comandos simples até os 18 meses.
Se até os 2 anos o bebê usar sempre as mesmas palavras ou repetir determinados sons e não for capaz de usar a linguagem oral para se comunicar, não conseguir atender a pedidos simples e possuir um tom de voz fora do normal, como muito anasalado ou rouco.
Se até os 2 anos os adultos que convivem com a criança tiverem dificuldades de compreender pelo menos metade do vocabulário dela, e se dos 3 aos 4 anos pessoas fora do convívio familiar não conseguirem entender o pequeno.
Caso qualquer uma das situações acima for identificada, vale uma visita ao pediatra para uma boa conversa e para que a criança seja devidamente examinada. E se o médico identificar algum tipo de atraso, poderá encaminhar o pequeno a um fonoaudiólogo para que esse profissional faça o diagnóstico correto e determine a causa e a melhor forma de corrigir o problema.
Importante!
É vital que os pais se comuniquem bastante com os filhos, mesmo quando eles ainda são bebezinhos, já que isso pode ajudar – e muito – no seu desenvolvimento linguístico. Então, é importante conversar, ler livros infantis, contar historinhas, cantar músicas e expor o pequeno a todo tipo de estímulo.
Vale sentar com a criança e mostrar personagens durante a leitura, identificar pessoas em fotografias, apresentar objetos e dizer os nomes das coisas quando o bebê estiver em algum cômodo da casa, for levado para passear ou ao supermercado. Esses são exercícios supersimples que podem ajudar imensamente a expandir o vocabulário e a capacidade de comunicação dos pequenos – e não custam nada!
Você tem alguma experiência interessante com os seus filhos para compartilhar? Não deixe de dividir com outras mães através de um post aqui na comunidade!