Cada dia mais presente nas conversas, nos diagnósticos e no cotidiano das famílias, o transtorno do deficit de atenção, ou TDAH, não é exatamente uma doença, mas uma condição, uma síndrome, com uma série de sintomas muito específicos. As causas são múltiplas e incluem fatores neurobiológicos, pessoais e ambientais.
Como não é doença, o TDAH não pode ter cura. No entanto, tem tratamento e é eficaz. Como é uma condição que acompanha a pessoa por toda a vida, o mais interessante é não brigar com ela, mas aprender a conviver bem e até tirar algumas vantagens.
Quando bem manejada, a condição não atrapalha a vida da pessoa e nem da família. O tratamento mesmo começa com um bom diagnóstico. Criança agitada não tem necessariamente TDAH. Criança respondona e agressiva, também não.
Para começo de conversa, nem todo TDAH apresenta hiperatividade. Entretanto, todos eles demonstram desatenção. Quando a criança apresenta as duas características (hiperatividade, impulsividade e agressividade + desatenção), é chamado de TDAH combinado. Quando só apresentar a desatenção, é o TDAH desatento.
Quando se manifesta?
Os pais e os professores costumam notar que a criança tem características especiais por volta dos 7 anos, com a escolarização. E os sintomas chegam ao auge no início da adolescência, por volta dos 12 anos. Se ela for tratada nesse intervalo, o prejuízo escolar fica bem reduzido e as consequências mais complicadas, nem se manifestam.
Como desconfiar se é TDAH?
Basicamente, a dificuldade de manter o foco numa atividade mental ou de concentração mais prolongada. Atividades que precisem de regras, prazos e combinados também são executadas com dificuldade e alguma raiva ou frustração.
Iniciar e finalizar tarefas é bem difícil para a criança com TDAH. Tirar conclusões a partir de síntese e análise é um esforço sobre humano para os meninos e meninas com TDAH e por isso é que a condição se manifesta fortemente na escola.
Tradicionalmente, os TDAH são esquecidos, desorganizados e se perdem nas tarefas. Fique atento a tudo isso e a um rendimento escolar mais baixo; introspecção exagerada; problemas de memorização; capacidade de organização e de retenção de informação.
Quando são menores, costumam ter dificuldade para ficar paradas ou sentadas muito tempo, são agitadas, correm e sobem nos móveis, mexe mãos e pés, conversa bastante e raramente está em silêncio, responde imediatamente — antes ainda da pergunta terminar —, interrompe conversas e não consegue esperar a vez nas filas.
É culpa de quem?
Vale reforçar que ter TDAH não é culpa de ninguém e nem é castigo. A mãe não fez nada errado na gestação e a criança não tem nenhuma responsabilidade por ser assim. É uma síndrome e ponto final.
Para fechar um diagnóstico certeiro, é preciso passar por psicólogo, neurologista e psiquiatra e atender a uma série de quesitos, sem os quais não há consenso.
Ou seja, aquele papo de que o diagnóstico é subjetivo é conversa mole. Hoje, a ciência e a medicina têm um controle muito rigoroso para classificar o que é TDAH e quem tem a condição ou não.
Sem desespero
Caso o diagnóstico seja positivo, nada se desespere. É uma condição e não uma doença, lembra? Muito provavelmente, a criança vai passar por terapia, por um apoio psicopedagógico -=— para encaminhar bem o aprendizado — e, se for necessário, por tratamento com medicamento que só os especialistas podem indicar.
A dosagem dos remédios e a frequência das sessões de terapia vão sendo ajustados no percorrer do caminho. Às vezes precisa apertar, às vezes dá para relaxar um pouco.
Agora que você conhece um pouco mais o que é TDAH, saiba como se relacionar bem com uma criança ou um adolescente com o transtorno. As dicas vão facilitar o convívio em casa e na escola e o aprendizado:
Sempre informe o tempo das atividades, que horas são e cobre para não haver atrasos;
Evite filas e locais com grande espera;
Relógios, cronômetros e similares ajudam bem. São bem concretos e reduzem a ansiedade;
Explique, se comunique e se assegure de que a criança entendeu o que você falou;
Bilhetes, lembretes e despertador do celular fazem bonito e funcionam bem;
Recompense boas atitudes;
Não repreenda, mas não valorize os maus comportamento;
Dê feedbacks rapidamente. Se foi legal, fale logo. Se não foi, também;
Passe tarefas físicas e concretas, ocupe a criança. De acordo com a idade dá para ir aumentando a carga. Colocar o lixo para fora, guardar os brinquedos, tirar a mesa, varrer o chão.
Deixe ela ser responsável por alguém. Vale bichinho de estimação, ou passar uma tarde entretendo o avô ou a avó. Essa noção de cuidado é muito importante e dá excelentes resultados.
Fale menos. Quando precisar ensinar algo ou dar uma instrução, vá até a criança, toque com afeto, mas com firmeza, no braço ou no ombro, olhe nos olhos e fale breve e certeiramente o que precisa. Depois, peça que ela repita o que você falou. Pronto lição dada e nada de discurso.
Ação e negociação funcionam mais que a imposição de regras.
Relaxe e mantenha o bom humor. Os TDAH são engraçados e sabem perdoar. Aprenda com eles e leve tudo com mais leveza.
As redes sociais podem ser boas companheiras e conselheiras para pais com filhos TDAH. Dá para trocar e aprender muito com quem já passa por isso. Aquelas dicas valiosas, indicações de profissionais e condutas também ficam facilitadas.
Se você se identificou com esse post, ou conhece quem enfrenta uma situação parecida, não deixe de compartilhar esse conteúdo no Facebook, afinal, ajudar uma família com boa informação é sempre aconselhável, não é?