A decisão pelo parto normal está sendo cada vez mais incentivada não só no Brasil, mas no mundo. Existem muitas gestantes que querem ter parto normal, mas ficam com medo de o bebê ser grande demais e isso dificultar o momento do nascimento. Inclusive, existem alguns médicos obstetras que recomendam a cesárea com a justificativa de que o tamanho do bebê irá impossibilitar o nascimento de parto normal. Mas será que isso é verdade ou não passa de um mito?
Justificativa
Quando os obstetras recomendam a cesárea, muitos dizem que a parturiente “não tem passagem” ou que a pelve da mãe é muito estreita para conseguir dar à luz de parto normal a um bebê muito grande. O diagnóstico de desproporção céfalo pélvica, nome dado para quando a mãe “não tem passagem”, não pode ser feito pelo médico antes do trabalho de parto, já que na hora do nascimento a pelve se movimenta para expulsar o bebê e aumenta o ângulo de passagem.
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O fato é que a anatomia do corpo da mulher foi projetado de maneira meticulosa para que seja possível o nascimento de um bebê saudável. Existem diversos problemas que podem impedir isso, é claro, mas no geral tanto mamãe quanto bebê tem condições de passar por um parto normal sem complicações.
Aula de anatomia
Você sabia que o útero, ao final da gestação, já aumentou em cerca de 700 a 1000 vezes a capacidade volumétrica para acomodar o bebê, a placenta e o líquido amniótico? E, além do colo uterino, os ossos da pelve (bacia) também dilatam. O hormônio chamado relaxina é responsável por amolecer as articulações da pelve e alargar o canal ósseo para que mesmo um bebê grande possa passar.
Não só o corpo da mãe se prepara para o momento do nascimento, mas o corpinho do bebê também é projetado para que ele seja expulso do ventre de forma natural e saudável. Os ossos do feto se desenvolvem progressivamente e vão se tornando cada vez mais rígidos, entretanto os ossos do crânio permanecem mais flexíveis e macios para o momento do parto. Além disso, o bebê possui a famosa moleira, que é uma zona membranosa entre os ossos para que eles possam se aproximar e sobrepor, modelando a cabeça do bebê no momento do nascimento para que ele se adeque ao tamanho da pelve da mãe.
Além disso, a vagina também é estruturada para receber a passagem de um bebê. As paredes da vagina ficam fechadas, mas elas tem a capacidade de se expandir de acordo com a forma e tamanho do que as preenche. Ou seja, durante o trabalho de parto, a vagina consegue abrir o suficiente para que o bebê passe e, depois, volta a se fechar e voltar ao tamanho original.
No consultório
Na hora de fazer a ultrassonografia, dependendo do tamanho e do peso do bebê, é comum que a gestante possa se assustar com a possibilidade do nascimento com o parto normal. Ainda mais porque muitos profissionais da área da saúde ou até mesmo familiares e amigos podem falar frases como “seu bebê é muito grande, você com certeza vai precisar de uma cesárea”. Contudo, mesmo o ultrassom não é completamente preciso.
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O exame, feito pelo ultrassonografista, é nada mais do que a transformação de ondas sonoras em imagem, então o peso é apenas uma estimação e não há como saber com precisão o tamanho exato do bebê. Ou seja. Qualquer palpite sobre o tamanho do bebê impossibilitar o parto normal baseado apenas em USG, tamanho da barriga, tamanho da cabeça ou tamanho da mãe não é preciso e não pode ser levado a sério.
Possíveis riscos
De forma geral, o que se pode dizer é que o bebê vai carregar a informação genética do pai e da mãe, o que geralmente significa que o tamanho do bebê será proporcional ao tamanho da mãe e o parto normal deve ocorrer sem preocupações. Porém, caso o bebê seja realmente grande, pode ocorrer o aumento de alguns riscos, como a desproporção feto-pélvica, que acontece quando a cabeça do bebê entra na pelve em uma posição não favorável e, com isso, não consegue descer corretamente. Esse problema, no entanto, só pode ser observado durante o trabalho de parto, quando depois das primeiras horas não se observa nenhum sinal de dilatação e descida. Nesse caso, a cesárea geralmente é recomendada pela equipe médica.
Outro problema que pode acontecer durante o trabalho de parto é a distorcia de ombros, uma condição que ocorre quando o ombro fica preso à pelve da mulher, quando a cabeça já saiu do ventre. Neste caso, existem algumas manobras que podem ser feitas para destravar o ombro da pelve da mãe, mas isso exige uma equipe médica extremamente preparada e com muita experiência para que não resulte em danos para a mamãe ou para o bebê.
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Lembrando que o fato de o bebê ser grande pode aumentar o risco de um desses problemas, mas isso pode acontecer também com bebês menores, e só é possível saber isso na hora do parto.
Conclusão
O tamanho do bebê não define se um parto normal vai ser bem-sucedido ou não. Existem vários fatores envolvidos no processo do nascimento e isso varia de gestante para gestante. O ideal é que você consulte médicos de confiança, tenha os exames em dia e, caso opte pelo parto normal, esteja cercada de uma equipe que irá saber o que fazer caso aconteça algum imprevisto.