Vamos começar com uma verdade que pouca gente avisa e a gente teima em não acreditar: criar filhos é muito trabalhoso. São muitas tarefas e, ao mesmo tempo, preocupação constante para fazer da criança um cidadão bacana e feliz. Talvez por isso — cansaço mesmo — os pais às vezes escorreguem feio na educação e acabem errando em atitudes simples, mas que prejudicam bastante a formação dos filhos.
Sem prestar atenção, a gente dá maus exemplos, fala mal do companheiro ou da companheira, cede aos apelos das birras dos meninos e muito mais. Neste post nós levantamos os erros mais frequentes, as consequências dessas atitudes e a maneira de contornar a situação.
Antes de começar a leitura, vale lembrar que se você já cometeu algum desses enganos sempre dá tempo de mudar e ensinar coisas legais para as crianças.
1. Esquecer quem é o adulto da relação
Sempre, em qualquer situação, lembre que você é o adulto, quem manda, quem dá o limite. Você é o responsável. Cansa, a gente tem de manter a postura, mas é o certo e o mais indicado. Criança gosta e precisa de contorno, que a gente diga o que pode e o que não pode, o certo e o errado. Não abra mão disso nem pelo cansaço, nem pela impaciência, nem por pena do filho. Num momento de confronto, respire, lembre do seu papel e fique firme.
2. Não explicar
Sempre que disser não, explique suas razões e as consequências daquele comportamento desaconselhável. Mas não explique demais, nem se justifique, nem faça chantagem. Apenas diga: não chegue perto do fogão se não pode queimar as mãos. As explicações, no entanto, devem ser verdadeiras e convincentes.
Ameaçar com Bicho-papão, Homem do saco, Moura torta não resolvem e fazem a criança duvidar de você. Em última instância, se não tiver mais argumentos, mande: não faça isso, porque amo você e tenho receio de que se machuque. Fim.
3. Mentir
Os filhos precisam confiar na gente. Por isso mentir não é uma boa saída. Se o assunto não for da alçada da criança, se for cedo demais para ela saber de algo, ou se você se sentir desconfortável em responder, não invente. Seja assertivo: não vou conversar sobre isso agora, quando você crescer um pouco, a gente retoma. De resto, responda apenas o que seu filho perguntou. Não se alongue. E só continue enquanto ele for perguntando. Se ele parar, pare também.
4. Brigar com o marido ou a esposa na frente das crianças
Evite, ao máximo. Eles se assustam, não entendem, ficam divididos e com muito medo. Discussão é coisa de adulto, para ser resolvida longe das crianças, sem gritaria e com respeito acima de tudo. Se, por acaso, a discussão já aconteceu, peçam desculpas sinceras, digam que exageraram e que não vai se repetir. Vale dizer ainda que se trata de uma briga boba, que vocês se amam e se respeitam e que resolverão tudo mais tarde. Um bom abraço na criança vai bem nesse momento.
5. Ceder às chantagens da criança
Seu filho pede, implora, se joga no chão porque quer o sorvete naquele momento e não quer esperar. Você tenta falar, grita, ameaça, explica, apela para todas as armas mas a criança fica irredutível. Ao fim, você cede: ok, sorvete antes do almoço. Quem nunca fez isso que atire a primeira pedra. É preciso ser feito de pedra para resistir a tanta pressão.
O problema é que a criança insiste porque quer testar o seu limite, o pode-não-pode. Se você começa com uma resposta e muda no meio do caminho, seu filho ganha a parada e não tem dois aprendizados importantes: a regra e quem manda. Se você tem convicção, sustente sua resposta. Em algum momento a criança vai ceder. E, se não ceder, contenha ela com carinho e se retire do local.
6. Ameaçar e não cumprir
"Da próxima vez que eu encontrar sua toalha molhada em cima da cama você vai ficar sem jantar", foi o que você disse ontem. Hoje, ao entrar no quarto, onde viu a toalha? Claro, molhada em cima da cama. E agora? Terá coragem de deixar seu filho sem jantar? Certamente não, mas foi o que você afirmou. Ameaçar não vale a pena porque só fazemos isso no calor da confusão e normalmente com coisas impossíveis de cumprir.
Por isso, abra mão deste recurso. Ou, se falou, cumpra. E não volte a repetir. Os filhos aprendem muito quando os pais fazem o que dizem que vão fazer, quando cumprem as promessas, quando se comportam como avisaram que fariam. Assim só proponha o que puder realizar. Do contrário, uma boa conversa é melhor que uma ameaça.
7. Faça o que eu digo…
Adultos não são perfeitos, erram, fazem bobagens. No entanto, nada educa mais um filho que o exemplo do pai e da mãe. Obrigar o filho a comer salada com um discurso saudável vale muito menos que o prato do adulto cheio de folhas, legumes e verduras.
Os meninos e meninas nos observam, nos admiram e nos imitam. Esse ciclo é valoroso para as coisas boas da vida: cumprir promessas, ser respeitoso, comer bem, fazer atividade, ser solidário. Reveja seus hábitos e comportamentos e corrija o que não quiser que seu filho aprenda. Essa é uma medida excelente para pais e filhos (e, de quebra, para o mundo todo).
8. Tirar a autoridade do pai ou da mãe
Seu marido combinou algo com a criança e você desdiz, descumpre, faz diferente. Seja na frente do companheiro, ou mesmo sem ele ver, isso mexe com a cabeça da criança, mostra que vocês não têm unidade, que um dos dois manda mais que o outro. Não é legal.
Os meninos e meninas percebem esses jogos e não reagem bem. Aprendem a enganar e repetem o comportamento quando crescem. Nada desejável. Se um dos pais combinou, é lei, tem de cumprir. Se você não concorda, ajuste em particular e, se de fato mudar o combinado, explique à criança que vocês conversaram e que mudaram de ideia. Juntos. Ensinar respeito e companheirismo é uma grande lição.
9. Não confiar que o filho cresceu
E, portanto, não deixar a criança realizar novas tarefas e ter novas responsabilidades. Os filhos se sentem orgulhosos e sentem crescer a autoestima quando os pais confiam e atribuem deveres: se trocar sozinho, se limpar sozinho, levar o lixo para fora, passear com o cachorrinho. Negocie, estabeleça as regras e elogie o desempenho.
10. Não expor os sentimentos
Abrace, beije, diga que ama. A vida é boa e a infância passa muito rápido. Claro que a criança percebe os melhores sentimentos dos pais, mas nada se compara a ouvir elogios, se sentir acolhida, ouvir que é especial e saber que provoca orgulho na mãe e no pai.
Se você é mais fechado, se tem um pouco de vergonha, encontre um jeito todo seu de demonstrar carinho: bilhete, desenho, uma mensagem no WhatsApp, mas não deixe de dizer.
Vale a pena estar atento a esses comportamentos no dia a dia, porque eles é que ficam, que marcam e que ajudam a formar a personalidade e o caráter dos meninos e meninas. Como é isso na sua casa? Já passou por situações assim? E como resolveu? Conte aqui para a gente nos comentários. O que você escrever pode ajudar outros pais e mães a educar filhos mais felizes e completos.