Se a primeira coisa que você pensou quando ficou sabendo que seria papai foi “como ser pai?”, bem-vindo ao mundo dos pais de primeira viagem (e os de segunda, os de terceira...).
Antes de continuar, eu já aviso: eu ainda não tenho a resposta. Na verdade, um dos grandes lances da paternidade é esse, de não saber nada direito, uma dúvida que permanece o tempo todo e já me deixou horas acordado à noite (horas em que aproveitei pra conferir se o bebê continuava bem no berço). Sim, porque ser pai também é uma coisa meio compulsiva, que você simplesmente não consegue deixar de fazer. Nunca.
Acho que esses são os dois principais pontos da relação entre pais e filhos.
Sobre cada “oi filhão”, “não pode”, “papai te ama”, sobre cada beijo, abraço, mãos dadas, sobre cada brinquedo, fralda, doença, papinha, banho, arroto, mais fraldas, choros, passeio e absolutamente tudo o que você faz vai ficar aquela dúvida: será que estou mesmo fazendo tudo certo? Não tem como saber.
Isso acontece porque, a cada dia, um pai vai construindo a sua relação com o seu filho. Não tem essa história de fazer um teste drive, porque o bebê de hoje vai ser diferente do bebê de amanhã, e ele vai exigir que você também vá mudando e se adaptando a essa estrada sem cinto de segurança nem nada. É o seu filho, aquele serzinho que não ocupa nem metade do berço, que vai te guiando nessa jornada de como ser pai, e você vai sendo sem pensar.
Só quando você para pra pensar, naquelas noite mal dormidas que eu falei antes, é que você começa a se perguntar se fez tudo certo mesmo, se não está mimando demais o pequeno quando vai dar uma volta de carro só pra ele finalmente pegar no sono ou se não está dando atenção suficiente à criança porque não percebeu que os dentinhos começaram a nascer. E aí é que começam as dúvidas, e eu digo começam porque, se você deixar a primeira te pegar, elas nunca mais vão te largar. Tá aí a obsessão outra vez!
Mas a obsessão que eu falei no início desse desabafo está relacionada àquela de cuidar, ou pelo menos, querer saber do bebê o tempo todo e se certificar de que tudo está bem com ele. É ter certeza que ele arrotou direito pra não engasgar depois, que o bebê conforto ficou bem ajustado no carro, e que com certeza continua por toda a vida. Perguntar do primeiro dia de aula, conhecer o namorado ou namorada, ficar de ouvido em pé pra saber que horas ele voltou da balada...
Pode parecer exagero, e muitas vezes até é, mas toda essa paranoia que você involuntariamente desenvolve na paternidade é uma delícia! E não porque assim você se torna um pai exemplar ou superprotetor, mas porque você se importa e se preocupa com uma vida que significa um monte de dúvidas para você, e isso é tão contraditório e ao mesmo tempo tão complementar que você deixa acontecer, porque seu filho está sempre te guiando.
Essas foram as minhas emoções mais sentidas. Com você, é bem provável que seja diferente, porque seu filho é outro, mas espero de verdade que você possa experimentar um pouco dessas emoções logo depois que a expectativa do “vou ser papai” chegar ao fim e você tiver o seu bebê por perto.