Com o clima quente terminando e o frio começando a aparecer volta e meia na previsão do tempo, é sempre bom providenciar medidas especiais para evitar gripes e doenças do tipo. Ainda mais quando os mais vulneráveis são os bebês, não é mesmo? Pensando nisso, resolvemos fazer um mega-artigo sobre prevenção e cuidados com os pequenos, abordando dicas, importância da amamentação e cuidados diários que podemos ter para tornar o dia a dia deles mais saudável e diminuir ao máximo as chances de serem afetados.
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É claro que, como nem sempre é possível evitar problemas como as doenças respiratórias que são bastante comuns, também aproveitamos para incluir uma introdução a remédios e até mesmo sobre como lidar quando o bebê está doente. No entanto, vale lembrar que é muito importante que a criança tenha acompanhamento médico para evitar problemas mais complicados.
A importância da amamentação
Pensar em remédios costuma ser inevitável. No entanto, a prevenção de doenças em crianças recém-nascidas pode se dar a partir da amamentação. Um dos primeiros passos a se tomar é entender que mesmo durante a gravidez é vital que as futuras mães estejam cientes dos benefícios da amamentação para os pequenos. Os médicos destacam inclusive a importância de o leite materno ser alimento exclusivo até os 6 meses de idade, para então começar a apresentar à dieta do bebê alimentos sólidos.
De modo geral, a amamentação está diretamente ligada ao desenvolvimento da imunidade do bebê e a seu fortalecimento. Por sua vez, a criança fica mais resistente a doenças respiratórias ou infecções que podem ocorrer em seu futuro imediato.
A amamentação afeta a criança até a sua fase adulta. Caso seja feita de acordo com a recomendação médica, pode reduzir os riscos de hipertensão, diabetes e obesidade, além de oferecer benefícios para a própria mãe, uma vez que a prática sugere uma queda na possibilidade de haver um câncer de mama ou de ovário. Benefícios mais imediatos envolvem menores chances de depressão pós-parto e anemia – ou seja, todos os lados saem ganhando.
Além da saúde melhorada, um estudo feito pela Universidade Federal de Pelotas concluiu que a amamentação pode influenciar a capacidade intelectual dos bebês na vida adulta. De acordo com as pesquisas, quanto maior o período de amamentação, maior é a inteligência do indivíduo. Curiosamente, as pesquisas ainda dizem que há uma leve diferença entre os índices de salário das pessoas que mamaram no peito e das que não receberam o leite materno até o primeiro ano de vida (e você aí se perguntando por que a sua vida financeira está um pouco conturbada).
A parte difícil: os medicamentos
De modo geral, toda mãe tem certo receio de oferecer remédios aos seus filhos pequenos. O medo é natural, é claro. No entanto, a prática pode se tornar necessária, e alguns cuidados são importantes.
Por onde começar?
O primeiro passo é manter a calma, sempre. Os bebês por vezes percebem a agitação e o estresse de seus pais, e isso gera ansiedade na criança. Se já é difícil dar algum remédio com um temperamento calmo, imagine no caso de um bebê nervoso.
A partir daí, o cuidado mais importante a ser tomado – e que, pasme, uma boa porcentagem dos pais erra – é quanto à dose do remédio a ser ministrado. Um equívoco como esse pode acarretar uma overdose no pequeno; para evitar isso, o ideal é medir com cuidado a quantidade de remédio e ler atentamente as instruções na bula antes.
Parece até um pouco bobo frisar esse ponto, certo? Porém, de acordo com a revista científica Pediatrics, as estatísticas indicam que até 85% de pais erram ao menos uma vez nessa tarefa. Ainda, chega a 70% o grupo dos que dão mais remédio do que o necessário.
Dito isso, algumas práticas que podem ajudar na hora de medir a medicação são o uso de uma seringa em vez de colheres ou copinhos medidores que costumam vir por padrão nas caixas de remédio. Além de esses dois últimos serem bastante imprecisos por si só, as pesquisas divulgadas pela Pediatrics apontam chances até quatro vezes maiores de tendência ao erro.
Outro ponto importante é lembrar que, mesmo que sejam parecidos, cada remédio possui uma bula e data de validade próprias. Então é necessário ler cada uma com atenção, mesmo que você pense que já sabe lidar com determinado tipo de medicamento. Em caso de dificuldades, é melhor se prevenir e contatar um farmacêutico ou um pediatra do que ministrar o remédio tendo dúvidas.
Como ministrar o remédio
Claro que conhecer o remédio não é a única preocupação dos pais: administrar a medicação para o bebê requer algumas tentativas e, é claro, varia de criança para criança. No entanto, é possível tentar os seguintes passos, no caso de remédios orais:
- Lavar as mãos (porque nunca é pouco tomar o mínimo de cuidado);
- Verificar se a dose do remédio está correta e medida de maneira precisa;
- Com a ajuda de uma outra pessoa (se for necessário), manter o bebê ereto, apoiado no antebraço para dar apoio à cabeça;
- Não despejar o remédio descuidadamente na boca, para evitar possíveis engasgos. O ideal é colocá-lo aos poucos e mais próximo da parte interna da gengiva, oferecendo um pouco de água para facilitar.
Até aí, não há muito segredo, certo? No entanto, existem remédios menos comuns que precisam ser pingados pela orelha, no olho ou até mesmo através de supositório. Estes são menos comuns e precisam de cuidado redobrado na hora da aplicação. Então, nunca é demais relembrar: no caso de todo e qualquer medicamento, é recomendado ter acompanhamento médico para não causar danos aos seus pequenos. Sem contar que a higienização dos produtos utilizados na aplicação não pode ser deixada de lado – lave-os com água morna e sabão. Aqui vão algumas dicas para cada caso:
Remédios pingados na orelha: vale deixar o bebê enrolado em uma coberta ou toalha para evitar que ele mexa muito os braços e as pernas. O ideal nesse caso é manter o pequeno paciente deitado, virado para o lado ou de barriga para cima, mas com a cabeça virada para uma das laterais. A partir daí, é só pingar as gotinhas com cuidado para que caiam no canal auditivo e, é claro, manter a criança deitada por alguns minutos para que o líquido siga o caminho adequado.
Remédios aplicados no olho: o processo é quase o mesmo do anterior. No entanto, em vez de deixar a criança deitada de lado, é preciso que ela fique de barriga para cima ou sentada com a cabeça apoiada para trás. A ajuda de um cobertorzinho para manter o bebê no lugar também funciona. No caso dos olhos, é bem possível que as piscadas atrapalhem. Porém, muita calma nessa hora: paciência é importante para que você e o bebê não se estressem durante uma tarefa que por si só já é um desafio. Tenha a certeza de que o recipiente não esteja encostando nos olhos ou cílios e opte por deixar que a gota de remédio caia no canto interno do olho, perto do nariz, onde as pálpebras superior e inferior se encontram. Depois, permita que o bebê pisque algumas vezes para espalhar o remédio por todo o olho e limpe o excesso de remédios ou lágrimas com uma gaze, se for necessário.
Supositório: às vezes, ainda é necessário supositórios para tratar o problema que seu bebê está enfrentando. Algumas dicas importantes nesse caso envolvem aquecer entre as mãos a cápsula ainda dentro da embalagem para amolecê-la um pouco e evitar ao máximo desconfortos maiores (e com as mãos bem limpas, principalmente). Após essa etapa, abra o pacote e mantenha o bebê deitado sem a fralda, levante e mantenha erguidas as perninhas e certifique-se de que a ponta arredondada esteja amolecida. O ideal é empurrar com o dedo indicador a cápsula o suficiente para dentro do bumbum, sempre com muito cuidado. Feito isso, resta segurar a criança parada por alguns minutos para garantir que o supositório comece a derreter; depois disso, você já pode colocar outra fralda.
Remédios mais conhecidos (e recomendados) para as mães e seus bebês
Tanto a mãe quanto o bebê podem ser tratados com medicações simples. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), há uma lista de remédios essenciais e que podem reduzir as chances de bebês morrerem antes dos 5 anos de idade e evitar complicações no pós-parto por doenças infecciosas e crônicas. Todos eles, novamente, precisam ser ministrados com indicação médica. Mas nunca é demais conhecer os medicamentos mais comuns e que podem oferecer uma maior noção do contexto com o qual os pais estão lidando.
Para as mães
A oxitocina é recomendada para hemorragia obstétrica. Esta, inclusive, é uma das complicações mais recorrentes no pós-parto. Para pré-eclampsia e eclampsia, as indicações são sulfato de magnésio e injeção de cálcio. Ampicilina, gentamicina, metronidazol e misoprostol são as recomendações da OMS para infecção materna.
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No caso de doenças sexualmente transmissíveis, é necessário um cuidado mais delicado, visto que o perigo não ocorre apenas na gestação. No entanto, o risco de infecção aumenta e também existe a chance de contágio dos bebês. Benzilpenicilina é utilizado para o tratamento da sífilis. A OMS lista essencialmente a cefixima para os casos de gonorreia, e azitrocimicina para clamídia.
Para os pequenos
A fim de evitar complicações em partos prematuros, betametadona e nifedipina são listados como medicações recomendadas. E no caso de pneumonia – que é a principal causa da mortalidade infantil no mundo – são indicados para o tratamento a amoxilicina, a ampicilina, o gás oxigênio medicinal, a ceftriaxona, a gentamicina e a penicilina procaína.
A diarreia, que é a segunda maior causa de mortalidade infantil, pode ser combatida com zinco e soro caseiro, para evitar desnutrição. Já para a malária, que atinge crianças principalmente na África, a OMS recomenda uma combinação de artemisinina e artesunato. O HIV, que infelizmente afeta muitas crianças no mundo todo, pode ser tratado nos pequenos com antirretrovirais.
Como analgésico para dores, o mais conhecido é o paracetamol; em contextos mais graves, é recomendada a morfina.
Cuidados essenciais
Amamentação e medicamentos trabalham para trazer benefícios para os filhos pequenos. No entanto, não são as únicas práticas capazes de favorecer a qualidade de vida dos bebês. Algumas atitudes que listamos aqui podem passar despercebidas no seu dia a dia, mas são igualmente importantes para a saúde da família.
Vacinas
Médicos não discutem no que diz respeito à garantia de proteção que as vacinas proporcionam. Por isso, os bebês precisam ser vacinados nas datas corretas, a fim de evitar doenças graves. As vacinas protegem inclusive crianças que ainda não tenham sido vacinadas por falta de idade, pois evitam o contágio desenfreado. Além disso, a mãe tem sua responsabilidade. Estando com a vacinação em dia, anticorpos podem ser repassados para o bebê através da amamentação, melhorando seu sistema imunológico e evitando doenças como a gripe.
Higiene
Além de lavar e manter as mãos sempre limpas, vale recorrer ao uso de álcool em gel antes de brincar com a criança ou trocar a fralda, pois esse hábito também previne doenças. O contato é uma das formas mais comuns de transmissão de doenças, e a prática de manter as mãos higienizadas é uma maneira simples de proteger os filhos.
Expor o pequeno a lugares públicos
Em temporadas frias, a simples proximidade dos bebês a lugares com muitas pessoas – como shoppings ou parques – pode causar uma gripe. O ideal é evitar contato direto com pessoas que apresentem sintomas (por menores que sejam), mesmo que a criança esteja protegida. Para prevenir doenças respiratórias, a lavagem nasal com soro fisiológico e a manutenção do ambiente sempre bem arejado também são fatores importantes.
Amamentação
Como já foi dito antes, a amamentação tem um papel importante na imunidade das crianças. Além do ideal, que é ser mantida como alimentação exclusiva até 6 meses, pode ser usada como complementar até os 2 anos de idade da criança para otimizar a sua imunidade ao máximo.
Dicas importantes para avaliar o estado de saúde do bebê
Mesmo com todos os cuidados, vale prestar atenção ao quadro em que o bebê se encontra. Em situações de sintomas fora do comum e que (que vão além de tosses, espirros e secreções e obstruções nasais), é bom estar pronto para uma visita ao médico. Isso pode evitar que doenças mais sérias, como pneumonia e bronquite, avancem sem acompanhamento.
Ainda, é bom lembrar que o uso de medicamentos sem prescrição médica pode mascarar sintomas de condições mais sérias e não é uma prática recomendada para crianças muito pequenas.