Toda gestante, ao chegar à reta final da gravidez, fica na expectativa de que a bolsa se rompa, uma vez que esse evento sinaliza que o bebê está prestes a chegar. Entretanto, a ruptura da bolsa pode acontecer antes do início do trabalho de parto, e nem todas as futuras mamães, em especial as de primeira viagem, sabem o que esperar, como identificar, como esse processo realmente se dá ou se existem riscos relacionados.
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A bolsa rota nada mais é do que o rompimento do saco amniótico, a estrutura repleta de fluido que envolve, protege, nutre e desempenha importante papel no desenvolvimento do feto durante toda a gestação, antes do início do trabalho de parto. Mais especificamente, esse "bolsão" protetor é composto por duas camadas de membranas — uma interna, que se chama âmnio, e outra externa, chamada córion — que normalmente se rompem quando o bebê está pronto para nascer.
Ninguém sabe ao certo qual é o mecanismo que desencadeia as reações que dão início ao trabalho de parto, geralmente por volta da 40ª semana de gestação. No entanto, quando a bolsa se rompe, um dos sinais é que o líquido amniótico contido nela começa a vazar. E de quanto fluido estamos falando? Nas etapas finais da gravidez, o saco amniótico costuma conter, em média, 600 ml de líquido.
Ademais, em condições normais, o organismo da gestante continua produzindo essa substância até o nascimento do bebê, então o volume pode ser significativo. Contudo, nem sempre é simples identificar o rompimento da bolsa, uma vez que nem todas as mulheres têm experiências como as que vemos nos filmes, em que uma enorme quantidade de líquido é liberada.
Bolsa rota na vida real
O rompimento natural da bolsa costuma acontecer durante o trabalho de parto, depois que as contrações começam, e é desejável que ocorra mais para o final do primeiro estágio, quando a dilatação começa a atingir seu ponto máximo. No entanto, a rotura das membranas pode se dar antes que todo esse processo comece, tanto que, segundo levantamentos, 15% das mulheres apresentam bolsa rota antes de entrarem em trabalho de parto.
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Além disso, realmente pode acontecer de a gestante observar um jato de líquido abundante quando a bolsa se rompe. Entretanto, o mais habitual é que, em casos de bolsa rota, a grávida note uma sensação de umidade e a liberação de um fluxo, que pode ser constante ou intermitente, não muito volumoso.
Mas nem sempre é fácil reconhecer que a bolsa se rompeu ou diferenciar o fluxo da liberação acidental de urina, que costuma ser bastante comum nas etapas finais da gravidez por conta da pressão exercida pelo útero aumentado sobre a bexiga, especialmente quando a quantidade de fluido não é muito intensa.
Tipicamente, como 99% do líquido amniótico é composto de água, sua coloração é amarela ou cor-de-rosa bem clarinho, com um odor bastante característico, diferentemente do xixi, que tem tonalidade mais forte e cheiro de amônia. Outra dica para diferenciar a bolsa rota de um vazamento de urina consiste em a gestante se colocar em pé e observar se o fluxo aumenta, já que a pressão exercida por essa posição força o líquido amniótico a sair.
Considerando que o trabalho de parto normalmente começa de forma ativa após o rompimento da bolsa, a gestante também passará a sentir contrações mais fortes e os demais sintomas que indicam que o bebê está chegando. Entretanto, é importante mencionar que nem todas as grávidas têm contrações que começam imediatamente após o rompimento da bolsa.
É normal que elas comecem entre 12 horas e 24 horas depois de a bolsa se romper, e as gestantes não precisam se preocupar com a falta de líquido amniótico durante esse período, porque, conforme dissemos, o organismo continua produzindo o fluido até o momento do parto. Aliás, cerca de 60% das mulheres entram em trabalho de parto até 24 horas após a bolsa se romper e as demais, em até 48 horas. No entanto, caso passe mais tempo, o obstetra deve sugerir a indução do parto.
O ideal é que, se a gestante suspeitar que a bolsa se rompeu, tente entrar em contato com seu obstetra e se dirija à maternidade. No hospital, ela será submetida a uma série de exames para determinar se realmente apresenta a bolsa rota, para checar os níveis de líquido amniótico e verificar o estado do bebê.
Complicações da bolsa rota
Quando a bolsa se rompe no fim da gestação, próximo à data em que o nascimento é esperado, é comum que o trabalho de parto comece na sequência; entretanto, a bolsa rota nem sempre é seguida pelo início das contrações e os demais estágios do nascimento. Além disso, o rompimento pode acontecer antes das 37 semanas de gestação, e o obstetra precisa ser acionado, uma vez que, depois que ocorre a ruptura das membranas que envolvem o bebê, existe o risco de que a mãe e o pequeno desenvolvam infecções potencialmente graves.
O rompimento prematuro da bolsa está associado a infecções vaginais e inadequações no colo do útero, relacionado com uma maior incidência de ruptura de placenta, problemas com o cordão umbilical — entre eles o prolapso dessa estrutura, que se dá quando ela é forçada para fora do corpo da mãe antes do parto — e parto prematuro.
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Caso ocorra a ruptura da bolsa por volta de 34 semanas de gestação, se não existirem indícios de infecção materna ou fetal, o obstetra provavelmente tentará prolongar a gravidez até o fim, se possível. Porém, se forem identificados riscos, o médico recomendará a indução ou a cesárea.
Antes disso, entre 24 e 34 semanas, como os pulmões do bebê ainda não estão maduros o suficiente, o obstetra certamente tentará atrasar o nascimento, e, durante esse período, a mãe provavelmente receberá antibióticos para evitar infecções, assim como medicamentos para acelerar o desenvolvimento e a maturação dos pulmões e para proteger o sistema nervoso do bebê. Segundo as estatísticas, 2 em cada 100 mulheres apresentam bolsa rota antes de 37 semanas de gestação.
Ainda sobre as infecções, gestantes com testes positivos para Streptococcus devem ir imediatamente para a maternidade após o rompimento da bolsa, já que os riscos são maiores. Outra possibilidade é que o bebê libere o mecônio enquanto ainda se encontra envolto pelo saco amniótico, que se caracteriza pelo líquido com uma coloração esverdeada ou com pontos marrons; nessas situações, convém induzir o parto, uma vez que a presença da substância no fluido indica sofrimento fetal e pode gerar complicações para a mamãe e o pequeno.
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Lembrando que ainda existe a possibilidade de a bolsa não se romper sozinha. Se durante a fase ativa do trabalho de parto o colo do útero se encontrar dilatado e mais fino e a cabeça do bebê estiver corretamente encaixada na pelve, o obstetra pode fazer a ruptura mecanicamente, usando um instrumento para fazer uma abertura no saco amniótico e continuar o parto.
E com você, mamãe, como foi sua experiência de bolsa rota? Compartilhe a sua história conosco nos comentários.