Não restam dúvidas sobre a importância do líquido amniótico durante a gestação, afinal, além de ajudar a proteger o feto de movimentos bruscos e contra possíveis traumas externos, bem como regular a sua temperatura corporal, evitando que o bebê perca calor, esse fluido tem ação no controle de infecções e contém componentes imprescindíveis para o bom desenvolvimento do feto, como nutrientes, hormônios e anticorpos.
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E não é só isso. O líquido amniótico também ajuda na formação do sistema digestivo e dos pulmões, oferece suporte para o cordão umbilical, evitando que pressões sejam exercidas sobre essa vital estrutura, e influencia o desenvolvimento dos ossos e músculos do bebê, uma vez que permite que o pequeno possa se movimentar dentro do útero da mãe.
A título de curiosidade, a maior quantidade de líquido amniótico é detectada por volta da 34ª semana de gravidez, quando seu volume alcança em torno de 800 ml; quando o bebê está prestes a nascer, perto da 40ª semana de gestação, essa quantia diminui um pouco, por volta de 600 ml. É óbvio que a falta desse fluido, condição que recebe o nome de oligohidrâmnio, é bastante prejudicial para o desenvolvimento do feto.
Mas e no caso de excesso, você sabe quais são as complicações que os níveis muito elevados de líquido amniótico podem ocasionar? Descubra a seguir!
Excesso que faz mal
O líquido amniótico aumentado recebe o nome de polidrâmnio e consiste em uma condição relativamente rara, registrada em apenas 1% de todas as gestações. O problema pode se manifestar já no começo, a partir da 16ª semana, mas o mais normal é que seja diagnosticado mais para o fim da gestação, durante os exames de rotina que se tornam mais frequentes nessa fase.
De acordo com levantamentos, cerca de 80% dos casos diagnosticados são considerados leves, o que significa que o risco de que ocorram complicações por conta do excesso de líquido amniótico é baixo, e a condição não costuma causar problemas significativos para a futura mamãe nem afetar o desenvolvimento do bebê. No entanto, 15% das gestantes que são diagnosticadas com polidrâmnio apresentam a versão moderada do problema e 5% delas, o polidrâmnio severo — nessas situações, o perigo de que surjam dificuldades é maior, então é preciso tomar uma série medidas preventivas.
Causas
Uma dificuldade com o polidrâmnio é que nem sempre é fácil identificar o que exatamente ocasionou a condição; em boa parte das vezes, nem sequer há uma causa definida. Entretanto, existem determinadas condições que tornam as grávidas propensas a acumularem mais líquido amniótico do que deveriam, como gestação de gêmeos, diabetes ou diabetes gestacional e complicações com a placenta.
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Problemas com o bebê também podem desencadear o surgimento do polidrâmnio, como hidropsia fetal (que ocasiona edema ou acúmulo anormal de líquidos no feto em desenvolvimento), hidrocefalia, microcefalia ou holoprosencefalia, defeitos no sistema renal, anomalias cardíacas, problemas de fechamento do tubo neural e no sistema respiratório, por exemplo. Além disso, o líquido amniótico aumentado pode aparecer quando o bebê não consegue consumir uma quantidade normal desse fluido, o que geralmente é consequência de problemas gastrointestinais, neurológicos ou de ordem congênita.
Principais sintomas
Os sintomas mais comuns do líquido amniótico aumentado são inchaço nos membros inferiores, principalmente nos pés, inchaço da vulva, redução da produção de urina, azia constante, constipação, falta de ar e sensação de que a barriga está grande demais e muito pesada. Esses sinais, na verdade, são bastante comuns nas etapas finais da gestação, quando o aumento do útero acaba causando pressão sobre outros órgãos e causando desconforto.
Portanto, é importante que a futura mamãe fique atenta, compareça a todas as consultas periódicas e não deixe de se submeter aos exames solicitados pelo obstetra, já que são nessas ocasiões que o polidrâmnio pode ser diagnosticado. Indicativos da condição são que o útero pareça grande demais, normalmente medindo entre 2 ou mais semanas além da idade gestacional, ou que o médico tenha dificuldades em encontrar os batimentos cardíacos do bebê, o que significa que apenas um profissional da área médica está qualificado para detectar o problema.
Complicações
Conforme mencionamos, nos casos mais leves de polidrâmnio a probabilidade de que ocorram complicações é bastante baixa. Contudo, ainda assim, é necessário que a gestante faça acompanhamento médico frequente e seja submetida a mais ecografias e exames do que o habitual. Além disso, o bebê deve ser monitorado mais de perto até o nascimento.
Já nos casos moderados e severos, o risco de que surjam dificuldades é maior, e as gestantes apresentam risco de sofrer rompimento de placenta e entrar em trabalho de parto de forma prematura, antes das 37 semanas, o que pode ser bastante prejudicial para o bebê e gerar uma variedade de complicações, até de que ocorram hemorragias depois do nascimento.
O polidrâmnio ainda pode ocasionar o rompimento prematuro da bolsa, tornar o trabalho de parto mais longo e provocar um relaxamento excessivo e falta de tônus muscular no útero depois do parto. A condição também expõe o feto a maior risco de apresentar restrições de crescimento, a não ficar no posicionamento adequado para o parto, de que o cordão umbilical fique mal situado ou de que ocorra o prolapso dessa estrutura, que se dá quando o cordão acaba saindo do útero antes do bebê. E, infelizmente, em casos mais extremos, o feto inclusive pode não sobreviver.
Diagnóstico e tratamento
Caso o obstetra suspeite que a gestante apresenta polidrâmnio, o diagnóstico pode ser confirmado através de exames para detectar diabetes gestacional ou por meio da coleta de amostras do líquido amniótico para análise. O procedimento para isso envolve a introdução de uma agulha no saco amniótico para obtenção de uma pequena quantidade do fluido.
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Com relação às terapias mais indicadas, quando se trata da forma mais leve de polidrâmnio, geralmente a grávida é aconselhada a fazer repouso e a realizar alguns ajustes na dieta. No entanto, de modo geral, caso o obstetra identifique o que está por trás do acúmulo de líquido amniótico, a abordagem certamente será tentar tratar a causa do problema.
Assim, se o polidrâmnio estiver relacionado com diabetes, por exemplo, pode ser que o médico receite medicamentos para controlar a condição; também existem medicações para que o organismo da gestante pare de produzir líquido amniótico. E outra medida envolve a drenagem, periódica ou não, do excesso de fluido para que os níveis voltem ao normal.
Outro tratamento possível consiste no uso de uma medicação que reduz a quantidade de urina produzida pelo feto. O problema é que essa substância oferece riscos e pode causar danos ao coração do bebê, portanto, se essa for a abordagem escolhida, é necessário que o feto seja monitorado bem de perto. Essas alternativas, baseadas no uso de remédios ou na realização de procedimentos, apenas são indicadas em casos mais graves.
Evidentemente, a escolha do tratamento mais adequado depende de muitos fatores, como a severidade do quadro, o estágio de gestação, o estado de saúde da grávida e o bem-estar e a segurança do bebê. Aliás, a condição pode ser controlada na maternidade, e, caso os médicos identifiquem qualquer risco com relação ao bebê, a equipe pode induzir o parto ou sugerir a realização de uma cesárea, até mesmo por volta das 37 semanas de gestação ou antes, caso a saúde do pequeno esteja em perigo.
Você conhece alguma grávida que passou pela experiência de ser diagnosticada com líquido amniótico aumentado ou qualquer outro problema durante a gestação? Não deixe de dividir suas histórias conosco nos comentários nem de compartilhar este artigo com outras mamães.