Todos sabem da importância de nos mantermos bem hidratados, não é mesmo? Afinal, a água é ingrediente fundamental para que as reações bioquímicas que mantêm o organismo em funcionamento aconteçam. Além disso, ela é imprescindível para um sem fim de funções orgânicas que ocorrem no nosso corpo e que, basicamente, são a razão de estarmos vivos.
LEIA MAIS - Ter ou não ter: Plano de Saúde para o bebê
Só que o nosso organismo perde fluídos constantemente – através da urina, das lágrimas, da saliva, da transpiração, das fezes e até por meio da respiração –, e a reposição de água e minerais é feia por meio da ingestão de alimentos e líquidos, e devemos ficar atentos para não ficarmos desidratados.
Com os bebês não é diferente, só que eles exigem uma atenção redobrada por parte dos pais, pois os pobrezinhos não conseguem comunicar o que estão sentindo, então, cabe a nós ficar superatentos para todas as suas necessidades. Um dos problemas que muitas vezes passam despercebidos é justamente a desidratação – e, apesar de ser algo fácil de se prevenir, acontece com frequência e pode ter consequências bastante graves se não for devidamente tratada.
O que é a desidratação exatamente?
Basicamente, a desidratação acontece quando o organismo perde mais fluídos do que recebe. Normalmente, o nosso corpo é capaz de equilibrar a quantidade de líquidos que ingerimos com a que é utilizada nas mais variadas atividades orgânicas, e existem determinados minerais que auxiliam nessa tarefa, como é o caso do sódio, do potássio, do cálcio e do magnésio, por exemplo.
LEIA MAIS - Chuva, vento e sereno: eles fazem mal para os pequeninos?
Várias situações podem contribuir para que os pequenos desenvolvam quadros de desidratação, como uma dieta pouco balanceada, baixa ingestão de líquidos, vômitos, diarreias, febre e excesso de calor. Mas, no caso dos bebês, o problema é que a desidratação evolui incrivelmente rápido, já que seus corpinhos, por serem tão pequeninos ainda, têm poucas reservas de fluídos e, se não ficarmos alertas, a situação pode se agravar bastante e bem depressa.
Pequenas vítimas
Para se ter ideia, a desidratação está entre as 5 principais causas de morte em crianças de até 2 anos de idade. Isso porque, como o quadro evolui muito mais depressa nos pequenos do que em adultos, as complicações decorrentes da desidratação consequentemente surgem mais rápido, e é mais fácil que ocorra uma espécie de efeito cascata no organismo das crianças.
Entre os problemas resultantes da desidratação estão as infecções urinárias, falência renal e a falta dos minerais que mencionamos acima, que atuam em funções como a transmissão de sinais elétricos de uma célula a outra – que dão origem a contrações musculares involuntárias, como são as batidas do coração – e o transporte de nutrientes e oxigênio pelo corpo.
No entanto, quando a desidratação se torna severa, o organismo pode desenvolver uma condição chamada “choque hipovolêmico”, decorrente da redução no volume de plasma sanguíneo. Com isso, a criança pode sofrer diminuição no nível de consciência, aumento da frequência cardíaca, queda significativa de pressão arterial e cianose nas regiões periféricas do corpo, por conta da diminuição da circulação de oxigênio pelo organismo. E se o bebê não for reidratado rapidamente, ele pode sofrer convulsões e o quadro pode evoluir para falência múltipla dos órgãos, parada cardiorrespiratória e óbito.
Quais são os fatores de risco para os bebês?
O mais comum é que os pequeninos desenvolvam quadros de desidratação principalmente por conta de episódios gastrointestinais, assim como febres e calor excessivo. Nem precisamos falar que os vômitos e as diarreias devem ser monitorados de perto, já que ocasionam a rápida perda de um grande volume de água e de nutrientes, certo?
Já com relação ao calor excessivo, em dias muito quentes, os pais devem deixar o bebê sempre à sombra, em lugares bem ventilados e vesti-los com roupinhas adequadas, uma vez que as altas temperaturas podem fazem com que a criança transpire mais do que o habitual e, dessa forma, perca mais líquidos.
LEIA MAIS - Balançar o bebê na hora de dormir faz mal?
No caso das febres, um dos mecanismos que o nosso organismo utiliza para tentar baixar e regular a temperatura corporal é a transpiração – já que a evaporação da água liberada na superfície da pele promove a perda de calor. Os bebês, no entanto, por terem reservas de fluidos mais limitadas, acabam consumindo líquidos mais depressa. Além disso, ao estarem doentinhos, pode ser de que a sua frequência respiratória aumente e, com isso, ao exalar mais ar, os pequenos acabam tendo uma perda extra de água.
Como identificar a desidratação em bebês?
Os sintomas mais comuns da desidratação em bebês são:
Olhinhos fundos.
Apatia.
Letargia.
Sonolência excessiva.
Irritabilidade.
Choro com poucas lágrimas ou com ausência delas.
Boquinha ou língua seca e lábios rachados.
Pele ressecada e com pouca elasticidade.
Sintomas mais severos são:
Temperatura da pele mais baixa que o normal.
Extremidades do corpo com tom azulado.
Xixi com tom mais amarelado e com odor mais forte do que o habitual.
Fraldas secas há mais de 6 horas.
Bebê com muita sede.
Comportamento diferente do normal.
Moleira mais rebaixada.
Como reverter o quadro?
No caso de adultos e crianças maiorzinhas, para reverter os quadros de desidratação leve a moderada, basta com ingerir bastante líquido, preferencialmente água ou soro caseiro, e consumir alimentos ricos vitaminas e sais minerais. Entretanto, no caso dos bebês, especialmente os mais novinhos, a situação requer mais cuidados.
É difícil que uma criança que esteja sendo alimentada exclusivamente através do leite materno desenvolva desidratação, mas, no caso de que aconteça – ou de que o pequeno seja exposto a alguma das situações de risco que mencionamos acima –, é importante que a mãe aumente a frequência das mamadas.
Se o bebê estiver vomitando e apresentar diarreia, além do aleitamento materno, é aconselhável dar ao pequeno soro para reidratação oral que pode ser encontrado em farmácias, uma vez que essa solução proporciona a combinação correta de açúcares, minerais e líquidos para repor o que foi perdido pelo organismo. Contudo, se os pequenos forem alimentados através de fórmula, a recomendação é que o consumo seja suspenso até ele apresentar melhora nos episódios gastrointestinais.
LEIA MAIS - Quais os principais cuidados com recém-nascidos?
O soro caseiro também é uma opção válida, e a sua preparação consistem em adicionar uma colherinha de café rasa de sal e uma colher de sopa de açúcar em um litro de água filtrada ou fervida. A indicação é de que a criança receba pelo menos 2 golinhos dessa solução a cada hora ao longo de todo o dia.
Caso o bebê não consiga se alimentar ou consumir líquidos por estar com dor de garganta ou com uma infecção de ouvido, por exemplo, o pediatra deve ser consultado para que os pais saibam que tipo de analgésico pode ser dado à criança para aliviar o desconforto e ela possa voltar a comer. Quadros como estomatite e machucadinhos na boca também podem dificultar ingestão de alimentos e líquidos, então, fique de olho.
Quando devemos procurar ajuda médica?
Se a criança apresentar qualquer dos sintomas mais severos de desidratação.
Se os episódios de vômito e/ou diarreia aumentarem em frequência ou se tornarem persistentes.
Se os pais notarem a presença de sangue nas fezes ou no vômito ou se o vômito se tornar esverdeado.
Se a criança se recusar a ingerir a solução de reidratação ou o leite materno, mesmo que esses líquidos sejam oferecidos através de seringas.
Se a criança demonstrar que sente dor e não consegue ingerir líquidos em quantidade suficiente para suprir suas necessidades.
Se mesmo depois de os pais tentarem reidratar o bebê ele não apresentar nenhuma melhora após algumas horas.
Uma vez no hospital, o procedimento geralmente envolve a administração de soro por via intravenosa e o normal é que o bebê se recupere rapidamente.
***
Sabia que você pode compartilhar as suas dicas e experiências com outras mães aqui na comunidade da Alô Bebê? Escreva as suas histórias e divida-as conosco!