Todas nós aprendemos sobre o ciclo menstrual – e quais são as etapas que transcorrem ao longo dos 28 dias que ele (teoricamente) dura. É a partir daí que se torna possível calcular quando o período fértil se dá e, portanto, descobrir as datas em que existe uma maior probabilidade de que a concepção aconteça.
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Entretanto, cada mulher é única, com ciclos que não se encaixam perfeitamente no “padrão”, e cujos períodos não são regulares e que podem ter menos ou mais dias do que os 28 do modelo de referência. Essa diversidade toda pode resultar em dificuldades para engravidar e em muita ansiedade para as mulheres. Por isso, nós aqui da Alô Bebê preparamos este artigo repleto de informações sobre ciclos irregulares e a gravidez.
Como funciona a contagem do ciclo?
A contagem do ciclo começa no primeiro dia da menstruação – e termina quando ela volta a acontecer, no período seguinte. Embora esse intervalo tenha, em média, 28 dias, é incrivelmente comum que as mulheres contem com ciclos com menos de 21 dias e até com mais de 35, por exemplo, e, em ambos os casos, não há nada de anormal.
Já para definir a data provável da ovulação, basta subtrair 14 do número total de dias do ciclo menstrual e, pronto! E, caso a intenção seja engravidar, convém manter relações sexuais com o parceiro – sem usar métodos contraceptivos – nos dias que antecedem e nos que sucedem a liberação do óvulo, de modo a aumentar as chances de que ocorra a concepção.
Quando o ciclo varia entre 2 e 3 dias de um mês a outro, ele ainda é considerado como regular, e é normal que situações como adoecer, passar por uma experiência difícil ou período muito estressante afetem o ciclo menstrual. No entanto, existem mulheres que simplesmente têm ciclos irregulares, ou seja, aqueles em que há bastante variação e em que a menstruação nunca leva a mesma quantidade de dias para chegar, assim como as que ovulam apenas ocasionalmente e as que não ovulam nunca – embora menstruem de vez em quando.
Ciclos e ovulações irregulares são responsáveis por algo em torno dos 30% e 40% dos casos de infertilidade, e as dificuldades para engravidar normalmente acometem mulheres cujos ciclos apresentam variações de 5 ou mais dias entre um mês e outro. Nesses casos, calcular quando a ovulação deve ocorrer e determinar qual será o período fértil pode se tornar um desafio e tanto – além de gerar bastante frustração para as que desejam muito engravidar.
Principais causas dos ciclos irregulares
Entre as causas mais comuns para os ciclos irregulares está a Síndrome do Ovário Policístico, condição que afeta um grande número de mulheres e na qual, por conta de desequilíbrios hormonais – geralmente, quando o organismo produz uma quantidade maior de andrógenos do que deveria –, os óvulos não se desenvolvem corretamente e não são liberados através das trompas de falópio como deveriam.
Problemas na tireoide – como o hipo e o hipertireoidismo – também estão entre as causas mais habituais dos ciclos irregulares, uma vez que esse pequeno órgão, que fica situado na base do pescoço, ajuda a manter os níveis de hormônios no organismo em equilíbrio e, portanto, pode ter impacto sobre o ciclo menstrual. Disfunções nas glândulas pituitárias e na glândula adrenal podem, do mesmo modo, gerar oscilações hormonais.
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Estar muito acima ou muito abaixo do peso ideal igualmente são fatores que podem desencadear uma série de problemas de saúde que, por sua vez, podem afetar e até impedir a ovulação. Similarmente, a prática de exercícios físicos em excesso pode ocasionar irregularidades no ciclo e, consequentemente, gerar dificuldades de engravidar. Muitas atletas passam por essas complicações, como todos sabem.
Outra causa possível é a hiperprolactinemia, que consiste no excesso de produção de prolactina – o hormônio responsável pela produção do leite materno – sem que a mulher sequer tenha engravidado ou tido filhos, e isso pode inclusive interromper os ciclos menstruais completamente.
E, obviamente, temos ainda entre as causas de irregularidades a perimenopausa, isto é, o período que antecede a menopausa e durante o qual os níveis de estrogênio e progesterona começam a cair naturalmente. Tipicamente, as mulheres entram na perimenopausa por volta dos 47 anos de idade, e esse período pode se estender por 4 anos, mais ou menos, culminando com o início da menopausa.
Conhecendo o próprio ciclo
Conforme mencionamos antes, a ovulação tipicamente ocorre 14 dias antes do início do novo ciclo menstrual – e manter relações no período que antecede e nos dias posteriores a ela pode resultar na concepção. Apesar de ser difícil descobrir quando, exatamente, essa janela fértil acontece em mulheres com ciclos irregulares, existem algumas pistas que o organismo dá e que podem ser usadas para aumentar as chances de engravidar.
É normal sentir uma ligeira dorzinha no baixo ventre e notar um aumento na libido nessa etapa do ciclo, e um sinal de que a ovulação está prestes a acontecer é a liberação do muco cervical, uma substância transparente e elástica, com aparência de clara de ovo. Esse material é eliminado por conta do aumento na produção de estrogênio, e indica que o colo do útero está pronto para permitir a passagem de espermatozoides e promover a concepção.
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Outra pista é o aumento da temperatura basal – medida assim que despertamos, antes mesmo de falarmos qualquer coisa e até de sairmos da cama. Nas mulheres, ocorre uma elevação da temperatura basal na ovulação, que pode variar entre 0,3-0,5 graus e chegar a 1 grau de diferença. Esse aumento ocorre depois de o óvulo ser liberado e, nesse período, os níveis de estrogênio e progesterona ficam mais elevados. É esse segundo hormônio, por sinal, que causa o acréscimo na temperatura corporal.
Então, criar uma planilha para registrar as variações de temperatura pode ajudar no sentido de se conhecer o ciclo menstrual e determinar quando o período fértil provavelmente acontece. Além disso, esse acompanhamento pode, inclusive, ser fornecido ao médico quando a mulher busca ajuda para engravidar, uma vez que, ao observar alterações ao longo de um período de alguns meses – 3, como mínimo –, os dados podem auxiliar o profissional a determinar se a paciente apresenta ovulação ou não, e com qual periodicidade ela se dá.
Caso seja difícil reconhecer qualquer desses indícios, existem testes que podem ser comprados em farmácia e servem para detectar flutuações hormonais que indicam que a mulher está ovulando – e cujo funcionamento se parece com os de testes de gravidez. Eles respondem com bastante precisão e medem a presença do hormônio luteinizante no organismo, seja através da saliva ou na urina, e podem ser de grande ajuda para mulheres com ciclos irregulares.
Driblando as dificuldades
É importantíssimo determinar se há uma causa médica para os ciclos irregulares e definir o quão irregulares eles são, para aumentar as chances de concepção. Algumas vezes, basta que ocorram apenas alguns ajustes no estilo de vida ou que aconteçam pequenas mudanças na rotina do casal para que o ciclo se regularize.
Outras vezes, é necessário que as mulheres se submetam a tratamentos e procedimentos médicos para que elas possam engravidar e, por sorte, existem diversas opções disponíveis, como medicamentos para induzir a ovulação e a fertilização in vitro, por exemplo. Aliás, novas alternativas, avanços e tecnologias estão surgindo a todo momento!
De qualquer maneira, o primeiro conselho para as mulheres que desejam ser mães é que elas mantenham relações com seus parceiros e, no caso das que apresentam ciclos irregulares, como as chances são um pouco mais limitadas, a dica é manter relações a cada 2 ou 3 dias, pelo menos, ao longo de todo o mês.
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Uma vantagem de manter relações mais frequentes é que, além dos muitos benefícios físicos e mentais que a prática oferece (sim, são muitos), a probabilidade de que os casais acabem fazendo sexo durante uma janela fértil aumenta significativamente. Sem falar que a necessidade de “agendar” os encontros amorosos – algo que pode gerar estresse, desconforto e destruir a espontaneidade – é naturalmente dispensada.
Se a dificuldade de engravidar persistir, a mulher deve procurar a orientação de um médico, que poderá determinar se existe algum problema de saúde ou condição afetando a sua fertilidade e indicar a alternativa mais adequada. E você, teve ou conhece alguém enfrentando dificuldades para engravidar? Compartilhe nos comentários!