Bullying. O nome é relativamente novo para uma atividade que a humanidade conhece há muito tempo. Agressões e violência sistemáticas contra uma pessoa por ela ter ou manifestar características particulares.
Em tempos atuais, o que antes era tido como uma brincadeira boba e sem maiores consequências, o bullying dentro da escola, ou fora dela, é levado a sério e encarado como um pacote de acontecimentos, com muitos envolvidos e facetas diferentes.
Em outras palavras, se no passado, as famílias nem tomavam conhecimento ou deixavam as crianças resolverem as diferenças sozinhas, agora a família, a escola e outros especialistas se envolvem. Adultos responsáveis entendem que o bullying na escola, ou em qualquer ambiente, é inadmissível tanto para quem pratica quanto para quem sofre.
O grande medo dos pais é que o filho esteja envolvido com bullying na escola — seja sofrendo, seja praticando — e eles não percebam a tempo de intervir e mudar a situação.
Faz sentido. Muitas vezes a família só descobre algo estranho quando todas as fronteiras do aceitável foram rompidas. Some-se a isso o bullying virtual, que acontece nas redes sociais, onde pai e mãe nem sempre têm acesso.
Se preocupar e estar atento ao bullying é o primeiro passo para evitar que ele aconteça na sua casa ou, caso já esteja rolando, que ele se agrave ou continue. Por isso, conversamos com especialistas para ajudar as mães e os pais a identificar sinais de bullying na escola e, caso ele já esteja acontecendo, como intervir e impedir que se repita.
Como o bullying acontece?
Juliana tinha 8 anos e estava no 3º ano do ensino Fundamental. Ia bem na escola, boas notas, amigas divertidas e sempre presentes. De repente, acordá-la para ir ao colégio começou a ser um problema. Ela enrolava, dizia que não queria ir, que a escola era muito chata.
Os pais acharam que era uma fase e apenas ficaram mais duros para impedir que a menina se atrasasse. Mas, nas semanas seguintes, além da dificuldade para encarar a escola, Juliana começou a manifestar tristeza, apatia, ficava sempre na dela e os pais começaram a se preocupar.
Numa conversa com a professora da classe, descobriram que Juliana era vítima de bullying na escola. Os meninos e meninas da sala perturbavam a garota porque ela tinha uns quilos além do padrão.
Foi uma situação. A coordenação se envolveu, as crianças foram chamadas a discutir a questão, os pais das crianças que praticavam bullying na escola também foram chamados a participar. No fim, Juliana mudou de período, fez novos amigos e está tocando a vida com leveza.
As piores atitudes em casos de bullying na escola são aplausos para os agressores, pais omissos e professores desligados. Como, no caso de Juliana, todo mundo agiu rápida e conscientemente, deu tempo de reverter a situação e evitar maiores complicações para ela e para os colegas.
Você sabe como identificar os sinais de bullying na escola?
Vamos nos pautar no exemplo de Juliana. Mudanças repentinas de comportamento, queda no rendimento escolar, criança fechada no quarto, agressividade sem explicação e ódio de alguma rede social são indicadores de que algo não vai bem com a criança.
Se algo assim está acontecendo na sua família, comece conversando e confiando no que seu filho disser. Talvez ele revele que é vítima de bullying na escola. Ou ainda, que é agressor.
Transmita confiança para o filho e deixe claro que vocês vão resolver a situação — qualquer que seja — juntos. Os pais estarão ao lado dele para consertar o que precisa de reparação.
Essas conversas podem e devem acontecer sempre, mesmo que os pais não estejam notando nada de diferente. É uma boa maneira de estreitar os vínculos entre pais e filhos, ter tempo. Num desses papos, o assunto de bullying na escola pode aparecer e os pais saberão o que está acontecendo.
Se seu filho contar que é vítima de bullying, respire, fique equilibrado e tente saber há quanto tempo acontece e como a agressão se dá. A pior atitude nesses casos é mandar a criança engolir o choro e ser forte, porque todo mundo passa por isso.
Se seu filho revelar que ele é o agressor, respire, fique equilibrado, procure entender os detalhes da história e combinem um jeito de agir. A pior atitude aqui é ter orgulho das atitudes violentas da criança.
Se seu filho está quieto demais e evita conversar, vale a pena pedir ajuda na escola e sugerir que a criança converse com os coordenadores que, em geral, são formados em psicologia ou têm preparo para tratar casos de bullying na escola.
Talvez, a criança se sinta mais confortável contando o que está vivendo para alguém menos próximo, porque receiam que os pais tomem atitudes que vão piorar ainda mais a situação.
Agressividade a troco de nada é um bom alerta. Se seu filho começa a se irritar sem motivo, fala barbaridades sobre as redes sociais, manifesta uma agressividade estranha em relação a algum colega, fique de olho.
Às vezes, os comentários vêm enquanto a criança está jogado vídeo game, ou acessando uma rede social, ou jantando com a família. Se acontecer, é o gancho perfeito para tratar do assunto.
As notas e o rendimento escolar também são bons indicativos. Se a média caiu, ou a criança vive pedindo para não ir para a escola, ou apresenta dor de cabeça, ou de barriga constantes, investigue.
Existem perfis bem conhecidos em relações de bullying na escola. Ou a criança é vítima, ou agressor, ou plateia. Nos três casos é preciso agir, sem encarar ninguém como mocinho ou bandido. Crianças precisam de orientação sobre o que é certo e errado.
Em geral, crianças diferentes dos padrões (muito altos, gordinhos, míopes, etc) são as vítimas preferidas. Não é lei, mas é comum. Já os agressores frequentemente têm problemas com normas e regras, mesmo antes de agredirem um colega com bullying.
Quem faz a plateia deve ser ensinado que a neutralidade estimula a agressão e o bullying na escola. É, de alguma forma, tomar partido. Quem testemunha casos de agressão, mesmo sem se envolver, não deve ficar calado.
Agora nós queremos saber a sua opinião sobre bullying na escola. Como sua família lida, ou pretende lidar com a situação caso ela apareça? Aqui embaixo, tem uma área de comentários. Tome coragem e escrevas suas ideias para inspirar outros pais e mães a enfrentar o bullying na escola.