Uma das condições de saúde mais comuns entre os recém-nascidos é a icterícia neonatal – caracterizada por tornar a pele e a esclera (ou o “branco do olho”) dos bebês amareladas. Entretanto, você sabe o que, exatamente, causa esse problema? E com relação às possíveis complicações, você as conhece? E mais: tem ideia de como a icterícia pode ser evitada e quais são os tratamentos? Pois todas essas questões serão tratadas neste artigo que preparamos para você!
O que é a icterícia neonatal?
A icterícia neonatal é uma condição relativamente fácil de se identificar e, basicamente, é uma condição resultante do excesso de bilirrubina no sangue – um pigmento amarelo presente nas hemácias, ou seja, nos glóbulos vermelhos, que são as células sanguíneas responsáveis pelo transporte de oxigênio pelo organismo.
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A condição é extremamente comum em recém-nascidos, tanto que as estimativas apontam que a icterícia neonatal se desenvolve em 8 em cada 10 bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação e em 6 em cada 10 bebês que nascem no período gestacional esperado. Além disso, recém-nascidos que são amamentados pela mãe são mais propensos a apresentar o problema – embora a suspensão do aleitamento seja fortemente contraindicada.
Por que os bebês desenvolvem a icterícia?
O que ocorre é que as hemácias têm um ciclo de vida bem curto e, quando elas se rompem, a bilirrubina é liberada na corrente sanguínea e o excesso é transportado até o fígado – que utiliza essa substância para a metabolização da gordura. Depois de passar por esse órgão, a bilirrubina é convertida em bile e liberada nos intestinos, onde atua na digestão dos alimentos e é excretada através das fezes.
No caso dos recém-nascidos, como a produção de hemácias – e sua degradação – é maior do que nos adultos, eles acabam produzindo mais bilirrubina. Acontece que seus fígados ainda não são maduros o suficiente e nem sempre conseguem processar e eliminar o excesso dessa substância no organismo de forma eficaz, levando ao seu acúmulo e ao surgimento da icterícia.
Quando os principais sintomas aparecem?
Normalmente, os sintomas da icterícia neonatal começam a aparecer entre o segundo e o quarto dia de vida do bebê e, além de apresentar a esclera e o rostinho mais amarelados, pode ser que outras partes do corpo do pequeno fiquem com a tonalidade que caracteriza a condição, incluindo o peito e o abdome, assim como as palmas das mãos e as plantas dos pés.
Em casos mais severos de icterícia, nos quais os níveis de bilirrubina se encontram perigosamente elevados, o bebê pode ficar com as perninhas e os braços amarelados, parecer doentinho e letárgico, ter dificuldades para acordar, não se alimentar direito, não ganhar peso como deveria nos primeiros dias de vida, fazer xixi com um tom amarelo forte (quando o normal em recém-nascidos é que a urina seja praticamente incolor) e chorar de forma estridente.
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O normal é que a icterícia neonatal seja diagnostica no próprio hospital, enquanto o bebê passa pelos exames de rotina. Entretanto, no caso de que a família receba alta até 72 horas após o nascimento da criança, é necessário que os pais fiquem alertas e marquem uma consulta com o pediatra alguns dias depois de o pequeno deixar a maternidade. Além disso, pode acontecer de que os sintomas levem mais tempo para aparecer, então é preciso ficar de olho.
Uma forma de detectar se a criança está com icterícia é procurar um local bem iluminado – de preferência, com luz natural – e pressionar delicadamente a pele da testa ou do nariz. Se o local ficar amarelado, esse é um indicativo de que o bebê pode ter desenvolvido a condição, uma vez que o normal é que a área pressionada adquira um tom um pouco mais claro do que o tom de pele do pequeno. De qualquer modo, caso os pais tenham qualquer suspeita ou a criança apresente um dos sintomas descritos acima, um pediatra deve ser imediatamente procurado.
Quais são os fatores de risco?
Bebês prematuros, que nascem antes das 38 semanas de gestação, são mais propensos a apresentar icterícia porque, ao se alimentarem menos e terem as funções gastrointestinais pouco desenvolvidas, podem não conseguir processar e eliminar a bilirrubina por meio das fezes tão depressa quanto deveriam. Além disso, os pequenos que enfrentam dificuldade durante a amamentação podem ter um maior risco de desenvolver icterícia devido à desidratação e à falta de nutrientes.
Existem outras causas?
Além do excesso de bilirrubina ocasionado pela degradação das hemácias e da falta de maturidade do fígado, é possível que outras condições de saúde estejam por trás do surgimento da icterícia. Entre elas, podemos citar hipotireoidismo, infecções virais, bacterianas ou urinárias, sepse, deficiências enzimáticas, anomalias nas hemácias, disfunções hepáticas – como a obstrução dos dutos biliares –, problemas de vesícula e a Síndrome de Crigler-Najjar, que consiste em uma condição hereditária que afeta a enzima responsável por processar a bilirrubina.
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Ademais, uma possível causa seria a incompatibilidade entre o sangue da mãe e do bebê, visto que, nesses casos, o pequeno pode receber através da placenta anticorpos que causam uma degradação mais rápida das hemácias, fazendo com que os níveis de bilirrubina aumentem. Outra situação em que o bebê pode desenvolver a icterícia se dá quando ocorrem dificuldades durante o parto e acontece a formação de um hematoma na cabecinha da criança – o rompimento dos glóbulos vermelhos resultante pode dar origem à condição.
Quais são as complicações?
Como a bilirrubina é tóxica para as células cerebrais, os bebês que apresentem icterícia severa podem desenvolver a encefalopatia hepática aguda, um problema capaz de causar danos neurológicos sérios se o quadro não for revertido a tempo. Outra complicação que pode surgir pelo excesso de bilirrubina no sangue é a encefalopatia bilirrubínica, uma síndrome que pode gerar danos permanentes no cérebro e afetar os movimentos involuntários, levar à perda da audição, provocar transtornos motores, déficit intelectual e alterações sensoriais e visuais.
Prevenção e tratamento
Na grande maioria dos casos, não é necessário que os bebês façam qualquer tratamento, e o normal é que a icterícia desapareça sozinha após um período de 3 a 5 semanas. Para isso, é importante que os pequenos sejam alimentados adequadamente com leite materno, de forma que eles mamem de 8 a 12 vezes ao dia – no caso de bebês que recebem fórmula, a indicação é de que eles consumam entre 30 e 60 ml a cada 2 ou 3 horas na primeira semana de vida – para que, basicamente, eles façam mais cocô e eliminem o excesso de bilirrubina pelas fezes mais depressa.
Entretanto, nos casos da icterícia moderada e severa, o bebê provavelmente precisará de tratamento. Um deles consiste na fototerapia, na qual a criança é colocada sob uma lâmpada especial que faz com que o formato e a estrutura das moléculas de bilirrubina se alterem e a substância possa ser expelida mais rapidamente.
Quando a icterícia é resultante da incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho, o tratamento consiste na aplicação de imunoglobulina por via intravenosa, já que essa proteína ajuda a reduzir os níveis de anticorpos que o bebê recebeu através da placenta e pode diminuir a icterícia. Embora seja raro, também existe a possibilidade de o pequeno ter que receber uma transfusão de sangue e, nesse caso, o tratamento envolve retirar pequenas quantidades de sangue da criança e substituí-las pelo sangue de um doador – de modo a diluir um pouco os níveis de bilirrubina e dos anticorpos maternos no organismo do bebê.
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Importante: por alguma razão desconhecida, a amamentação aumenta o risco de que o bebê desenvolva icterícia, e é um problema que pode persistir por 1 mês ou mais, dependendo da criança. Entretanto, como os benefícios do aleitamento materno são muito – muito – maiores do que os riscos associados à icterícia, os médicos orientam que as mães não deixem de amamentar os filhos. Outro ponto importante... Não deixe de conhecer outros posts sobre a saúde do bebê aqui na nossa comunidade!