A gravidez e toda a sua mudança hormonal causam uma série de transformações no corpo, e existem inúmeros sintomas que denunciam a geração de uma nova vida. Aproximadamente 90% das mulheres experimentam alguns sintomas durante o primeiro semestre de gravidez, e os mais comuns incluem enjoos e tonturas, alterações constantes de humor, ausência de menstruação, inchaços e o óbvio crescimento da barriga.
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Esses sinais variam bastante de gestação para gestação, sendo sentidos com mais ou menos intensidade. No entanto, os sintomas mais comuns não são os únicos alertas de uma gravidez, existindo alguns bem estranhos. Acompanhe:
1. Aumento do tamanho dos pés
Durante a gravidez, a liberação de hormônios que interferem nas articulações e relaxam os ligamentos para facilitar a passagem do bebê pelos ossos da pélvis durante o parto tem ação em outros órgãos e membros. O efeito gerado pode ser duradouro nos pés, que também relaxam e ficam maiores, mais achatados e mais compridos.
O ganho de peso também contribui para o aumento dos pés, pois, com um corpo mais pesado, mais tensão é colocada nos membros inferiores, alargando as articulações. Cerca de 70% das gestantes relatam mudanças no tamanho dos pés, que podem crescer até 2 números, com aumento entre 2 e 10 milímetros no comprimento, porém esse efeito normalmente é temporário.
2. Sabor metálico na boca
As papilas gustativas não estão imunes à oscilação de hormônios na gravidez. Os aumentos no nível de estrogênio podem levar a mudanças no paladar, em uma condição muito comum denominada disgeusia ou distorção do senso do paladar. Uma pesquisa revelou que 93% das mulheres relatam alguma mudança na sensação de sabores no período gestacional.
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O estrogênio tem um efeito característico no paladar e pode gerar um sabor de metal, principalmente no primeiro trimestre da gravidez. Além disso, os sentidos de paladar e olfato estão intimamente ligados, então alterações no nariz também relacionadas à gravidez podem levar a essa sensação metálica na boca.
O sabor pode perdurar mesmo depois da ingestão de alimentos, mas alguns tipos específicos podem ajudar a mascarar a percepção ruim, como chicletes sem açúcar, sucos e alimentos mais ácidos ou picantes. A disgeusia normalmente melhora ou desaparece por completo no segundo trimestre, quando os níveis de hormônios começam a se estabilizar.
3. Excesso de saliva
Outro sinal não muito popular da gravidez é produzir mais saliva do que o esperado. Algumas grávidas mal percebem o sintoma, enquanto outras produzem tanta saliva que precisam cuspir. Essa condição é denominada ptialismo e pode acontecer como resultado da alteração dos níveis hormonais, mas normalmente está associada às náuseas e aos vômitos característicos do início da gravidez.
O ptialismo pode aparecer por volta das 6 semanas de gestação ou esporadicamente durante períodos de rápida flutuação hormonal, como durante o primeiro e o terceiro trimestres. Os altos níveis de progesterona provocam o relaxamento dos músculos, inclusive da válvula esofágica, facilitando processos de refluxo, que são acompanhados pela produção excessiva de saliva. Esse sintoma geralmente desaparece em torno de 12 a 14 semanas de gestação, quando há menos náuseas e enjoos.
4. Aumento de doenças e resfriados
Durante a gravidez, o sistema imunológico muda, seguindo o constante fluxo hormonal. Isso acontece porque os altos níveis de progesterona impedem que o organismo ataque a nova vida sendo gerada; por consequência, reduz a própria imunidade, sendo comum que microrganismos se estabeleçam, aproveitando a oportunidade.
Assim, as grávidas estão mais propensas a certas doenças, como gripes, resfriados, intoxicações alimentares e infecções urinárias, principalmente no início da gestação. Infecções por levedura também se tornam muito comuns, sobretudo no primeiro trimestre. Além disso, devido à baixa imunológica, as doenças podem durar mais tempo.
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A boa notícia é que resfriados ou gripes não são tipicamente perigosos para o bebê. Inclusive, uma pesquisa recente revelou que a resposta agressiva do sistema imunológico durante a gestação é essencial para a implantação do embrião, permitindo que o feto se estabeleça completamente durante as primeiras 12 semanas de gravidez.
5. Problemas nasais
Nariz entupido pode significar gravidez? Sim, muitas mulheres ficam mais congestionadas durante a gestação, em uma condição referida como rinite não alérgica. Essa situação pode ser causada pelas alterações hormonais que provocam aumento do volume sanguíneo e inchaço das vias nasais, principalmente no início da gravidez.
Com a redução da área para a circulação do ar, outros problemas podem acompanhar a congestão nasal, como sangramento, coriza, espirros, ronco e condições subjacentes, como infecções sinusais e de ouvido. Algumas pesquisas sugerem que aproximadamente 39% das grávidas apresentam congestão nasal e outros sintomas relacionados à rinite.
6. Crescimento excessivo de pelos e cabelos
Muitas grávidas apresentam alterações na textura e no crescimento de pelos e cabelos, que podem parecer mais espessos, saudáveis e brilhantes do que o normal por volta da 15ª semana, além de crescerem mais rápido. A textura dos fios também muda: cabelos lisos podem ficar enrolados e vice-versa. Algumas mulheres já até observaram variação de cor nos cabelos.
Essas mudanças estão relacionadas às oscilações dos hormônios. O aumento do nível de estrogênio faz com que os cabelos cresçam mais rápido e tenham menor probabilidade de cair, permanecendo mais tempo na fase de crescimento de seu ciclo. Além disso, com a circulação sanguínea e o metabolismo aumentados, mais nutrientes são levados até as células responsáveis pela produção de pelos e cabelos.
Os pelos crescem tanto que algumas mulheres passam a encontrá-los em locais indesejados, como no rosto, nas costas, nas barriga ou ao redor dos mamilos. Mas não se preocupe, pois essas mudanças geralmente não são permanentes, de forma que a maior parte dos pelos e cabelos cai dentro de 6 meses após o parto ou após o desmame.
7. Problemas de memória
Muitas mulheres relatam problemas de memória durante a progressão da gravidez, uma condição popularmente chamada de "baby brain", termo que se refere também à falta de concentração. Assim, é comum que grávidas se esqueçam de compromissos, de onde deixaram determinados objetos e até mesmo de seu número de telefone. Curiosamente, mães de meninas são, em média, mais esquecidas do que as de meninos.
Em estudos realizados no segundo e no terceiro trimestres de gestação, foi relatado que as grávidas apresentam desempenho significativamente pior do que as não grávidas em testes de memória espacial, indicando que o "baby brain" de fato existe. As avaliações concluíram que o funcionamento cognitivo geral e a memória são significativamente mais baixos em gestantes e que essas alterações podem ser causadas por níveis elevados de hormônios que afetam o cérebro.
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Além disso, uma série de condições pode alterar a qualidade do sono das grávidas, o que pode desempenhar um papel na redução da memória e da concentração. Aparentemente, o cérebro de uma gestante também funciona de maneira diferente, aumentando as atividades associadas às habilidades emocionais em detrimento de outras.