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Parto normal depois de cesárea é possível?

Parto normal depois de cesárea é possível?
Alô Bebê
jul. 30 - 8 min de leitura
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Ao engravidarem pela segunda vez, muitas mulheres que fizeram uma cesárea podem ouvir de médicos, familiares ou amigos que "uma vez cesárea, sempre cesárea". Mas será que essa frase é afirmação é verdadeira ou não passa de um mito?

Você sabe o que é VBAC?

A sigla VBAC vem da expressão Vaginal Birth After Cesarean, da língua inglesa, que em português significa parto vaginal após cesárea e é uma opção que pode ser mais segura do que outro parto cirúrgico, dependendo do histórico e das condições da mulher.

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Muitas gestantes evitam o parto normal após uma cesárea por medo de sofrerem ruptura uterina, já que a região da cicatriz anterior no útero geralmente não apresenta a mesma resistência do tecido íntegro e se torna um ponto de fragilidade no momento do nascimento do bebê. No entanto, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), entre 60% e 80% das mulheres que fizeram uma única cesárea podem ter um parto normal na próxima gestação sem que o procedimento ofereça grandes riscos para a saúde da mãe ou do bebê.

Além disso, um estudo realizado por duas universidades britânicas e publicado pelo BJOG: An International Journal of Obstetrics and Gynaecology apontou que mais da metade (52%) das 144 mil mulheres avaliadas tentaram parto vaginal para o segundo filho; dessas, 63% tiveram por um parto normal sem qualquer complicação. No mesmo estudo, constatou-se que, quanto mais jovem é a mulher, maiores são as chances de o parto normal ser bem-sucedido, já que mulheres com 24 anos ou menos tiveram 69% de sucesso, enquanto mulheres com 34 anos ou mais tiveram apenas 59% de sucesso.

História da cesárea

Se o parto normal após a primeira cesárea é possível e muitas vezes mais seguro do que uma segunda cesárea, por que foi criada a expressão "uma vez cesárea, sempre cesárea"? Essa crença é herança de evidências arcaicas que não correspondem mais à atualidade. A cesárea foi desenvolvida no fim do século 19 e incorporada aos serviços obstétricos no início do século 20 com o objetivo de salvar bebês que poderiam nascer com sequelas ou morrer no parto normal. No Brasil, a primeira cesárea foi feita em 1917, mas o procedimento não era realizado da mesma maneira que hoje em dia.

"No século passado, a cesariana era longitudinal, ou seja, cortava-se o útero de cima até embaixo, e isso aumentava a probabilidade de ruptura uterina em uma tentativa de parto normal na gestação seguinte. Então, falava-se que uma vez cesariana, sempre cesariana", explica Ana Cristina, uma parteira que passou pela experiência de ter um parto normal após uma cesárea e é uma das fundadoras do site Amigas do Parto.

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Além disso, existe uma questão cultural e histórica que influencia essa escolha aqui no Brasil, já que, de acordo com a OMS, somos o segundo país que mais faz cesáreas, atrás apenas da República Dominicana. O recomendado pela instituição é que cerca de 15% dos partos sejam cesáreas, mas a taxa é muito maior no País: 57%.

Questão de saúde

Mesmo que o parto normal após uma cesárea deixe muitas mulheres inseguras por conta do risco de ruptura uterina, essa possibilidade acontece em apenas 0,5% a 1% dos casos, e o Ministério da Saúde recomenda que os médicos apresentem essa estatística para as gestantes. O órgão também recomenda que as grávidas sejam informadas de que o risco aumenta gradativa e significativamente após a primeira cesárea.

O parto natural oferece diversas vantagens tanto para a mãe quanto para o bebê. A recuperação é mais rápida para a mulher e o bebê não corre o risco de ser tirado do ventre antes do tempo, tendo menos possibilidades de desenvolver problemas respiratórios e de contrair doenças. Além disso, a mulher tem mais disposição para amamentar, já que durante o trabalho de parto são liberados os hormônios prolactina e ocitocina, essenciais para a produção de leite.

A escolha de um segundo parto natural também influencia nas gestações futuras. Se o parto vaginal acontece, as chances de ter um terceiro ou quarto partos normais aumentam, já se o segundo também for cesárea provavelmente as futuras gestações terão necessariamente que ser cesáreas.

Cuidados e contraindicações

Embora o chamado VBAC seja possível, recomendado na maioria dos casos e ofereça baixos riscos para a mãe e para o bebê, é necessário avaliar cada caso individualmente. Existem diversos fatores sobre o histórico da mulher e a própria gestação que ajudam o médico a determinar qual será a opção mais adequada para a gestante.

A primeira variável que deve ser levada em consideração é o intervalo entre a primeira e a segunda gestação. Recomenda-se que a mulher aguarde pelo menos 2 anos entre uma cesárea e um parto normal, pois esse período garante que a cicatriz da cirurgia terá resistência suficiente para não se romper durante as contrações do trabalho de parto.

O estudo realizado pelas universidades britânicas também recomenda que sejam considerados os motivos que levaram a mulher a fazer a primeira cesárea, já que isso pode ser determinante para que a escolha mais segura seja feita. O obstetra deve avaliar todo o histórico da gestação anterior e avaliar as condições em que o procedimento foi realizado para definir se um parto normal é possível.

Se a mulher já passou por um parto de emergência ou apresentou quadro de hemorragia durante a cirurgia, o fechamento da parede do útero provavelmente não aconteceu com tanta tranquilidade, e isso pode comprometer a qualidade da sutura, aumentando as chances de a cicatriz se romper durante o parto natural. Outro fator que deve ser levado em consideração é que o indicado é que não sejam ministrados medicamentos que induzam o parto ou, caso sejam, sejam dados em baixas dosagens e com acompanhamento constante da equipe médica; o motivo é que os estímulos para o útero se contrair fazem com que os movimentos sejam mais fortes e aumentem o risco de ruptura uterina.

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Uma solução para esse problema é o deslocamento da bolsa d'água ou a aplicação de um cateter com um balão cheio de ar na ponta, chamado de sonda de Foley. As duas opções são seguras, eficazes e auxiliam a dilatação do colo do útero de maneira mecânica, sem forçar a cicatriz.

Por último, caso a mulher opte por ter um parto natural depois de já ter feito uma cesárea, é recomendado que ela passe pelo trabalho de parto em um ambiente hospitalar, para ter maior agilidade no atendimento caso aconteça algum imprevisto que ofereça riscos à saúde da mãe ou do bebê.

Busque e troque informações

O parto natural depois de uma cesárea é possível e até pode ser muito mais saudável para a mãe e para o bebê, mas essa delicada escolha deve ser feita considerando-se todos os fatores que podem influenciar no sucesso do nascimento. Por isso, consulte o seu médico, realize todos os exames necessários e troque informações com outras mulheres que já passaram pela mesma situação.

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Outra sugestão é buscar grupos de doulas e parteiras especializadas em parto humanizado e que podem avaliar se o parto natural é uma opção segura. Acesse nossa comunidade para descobrir mais informações sobre parto normal.


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