Quem tem filhos sabe que uma das maiores tarefas dos pais é correr atrás dos pequenos para ter certeza de que eles não vão se machucar. E as oportunidades de se machucar aparecem a todo o momento: descendo uma escada, subindo em uma cadeira, abrindo uma gaveta, descobrindo um balde com água... Mesmo os itens mais cotidianos para os adultos podem representar perigo para os pequenos.
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Pensando nisso, elaboramos esse post com tudo o que você pode fazer para garantir a segurança do seu pequeno: começando com como tornar sua casa mais segura, passando pelos itens que você deve ter para casos de emergência e terminando com as manobras de primeiros socorros mais importantes para quem tem filhos pequenos.
Continue sua leitura e saiba mais!
O que são e qual a importância dos primeiros socorros?
Primeiros socorros é o nome dado ao conjunto de procedimentos básicos que podem garantir pronto atendimento a um paciente – ou seja, os procedimentos feitos antes que o paciente seja atendido por um profissional, para garantir que ele não vai piorar antes de ser atendido e, em alguns casos, vir a óbito.
O objetivo principal dos primeiros socorros é que eles sejam feitos de maneira rápida, para garantir o bem-estar do paciente assim que possível. É importante que eles sejam feitos imediatamente após a lesão para ajudar a vítima a manter seus sinais vitais e evitar o agravamento do quadro.
Normalmente, os primeiros socorros são aplicados em vítimas de acidentes, de mal súbitos ou em pessoas que estão em perigo de morte, e podem ir desde curativos simples até manobras de ressuscitação.
Para os pais, saber aplicar os primeiros socorros em crianças, especificamente, é muito importante. Existem alguns cursos específicos para aprender como fazer cada procedimento da melhor maneira em seu filho, mas mesmo ter uma noção ampla do que deve ser feito em situações de emergência pode salvar uma vida.
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Por isso, é importante compreender quais são os riscos de acidente que crianças correm no dia a dia e, assim, saber também quais as primeiras providências a serem tomadas.
Primeiros socorros em bebês e crianças pequenas: principais ocorrências
Muitos pais, especialmente os que estão esperando o primeiro filho, não sabem quais são os riscos que correm bebês e crianças pequenas. Algumas dessas informações podem ser surpreendentes ou assustadoras, mas são essenciais para saber quais providências tomar para evitar acidentes e dar a assistência certa quando for necessário.
A principal causa de morte em crianças com menos de um ano de idade é o sufocamento, seguido por acidentes de trânsito e quedas. Do primeiro ao quarto ano de vida, o afogamento é a causa mais comum, seguido de atropelamento e acidentes de trânsito.
Num geral, esses dados já dão uma boa perspectiva das principais ocorrências que demandam primeiros socorros na infância. O engasgamento é uma ocorrência relativamente comum, que pode levar ao sufocamento se não for assistido da maneira correta.
O afogamento, seja em banheiras, baldes, lagos, rios ou mar também é um risco comum para crianças. Do mesmo modo, as queimaduras, sejam elas térmicas ou elétricas, também são uma grande causa de danos para os pequenos. A ingestão de produtos químicos que causam intoxicação também entra para essa lista, e deve receber atenção especial dos pais.
Algumas ocorrências não são tão fáceis de evitar, como paradas cardíacas, alergias, intoxicação alimentar e problemas respiratórios derivados de doenças como asma e bronquite. Porém, conhecendo os primeiros socorros básicos, é possível cuidar da criança até que chegue a ajuda médica necessária.
Por fim, quedas e traumas físicos são muito comuns entre crianças, e saber distinguir uma queda inofensiva de uma queda que pode ter causado uma contusão séria é muito importante para garantir o bem-estar de bebês e crianças pequenas.
Garantindo um ambiente mais seguro
Como já diz o antigo ditado, é melhor prevenir do que remediar. Nesse caso, não é diferente: garantir um ambiente seguro em que seu filho possa brincar, explorar e se desenvolver sem ser exposto a grandes riscos é tão importante quanto aprender a aplicar os primeiros socorros.
Por isso, abaixo vamos dar alguns exemplos do que você pode fazer para ter uma casa mais segura e apropriada para crianças pequenas. Confira:
Tenha uma lista de contatos de emergência
A lista de contatos de emergência serve tanto para quando precisamos dar assistência para crianças pequenas quanto para quando seu filho mais velho – seja ele um pré-adolescente ou adolescente – se ver em alguma situação emergencial enquanto estiver sozinho em casa.
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Essa lista pode ficar anotada em algum aplicativo do seu celular e mesmo ser compartilhada online por toda a família, mas é muito importante ter uma versão impressa dela em casos de falta de bateria ou de energia elétrica. Todos na família devem saber onde está essa lista, como acessá-la e como ligar para qualquer um dos números.
Veja abaixo alguns dos contatos que devem estar nessa lista:
O número da polícia, do bombeiro e da ambulância, para casos de emergência;
O número do hospital mais próximo, além dos contatos de médicos e pediatras que costumam atender sua família;
O número do seu plano de saúde, assim como os dados necessários, caso seja preciso passa-los para o atendimento. Isso evita aquela correria para procurar os documentos;
O número de vizinhos ou familiares que moram por perto. Escolha pelo menos dois de famílias diferentes. Assim, caso um não esteja em casa, você pode contar com o outro. Isso é essencial para conseguir caronas, pedir ajuda ou mesmo para deixar o filho mais velho com alguém responsável enquanto você leva o filho mais novo para a emergência.
Use grades e travas onde for necessário
Vasos sanitários, armários de produtos de limpeza, escadas, janelas, tomadas, piscinas: todos esses itens comuns em casas podem apresentar algum perigo para os pequenos. Por isso, a melhor solução é criar uma barreira para que eles não possam se aproximar, ou não possam mexer onde não devem.
Travas para vasos sanitários e para armários podem prevenir diversos tipos de acidentes. Colocar grades em escadas, janelas e na volta de piscinas também é uma boa maneira de deixar o ambiente mais seguro. Para os pais de crianças que correm o tempo todo, tapetes antiderrapantes evitam quedas que podem causar traumas mais sérios.
Mantenha objetos perigosos fora do alcance das crianças
Produtos de higiene ou de limpeza, remédios e objetos pontiagudos ou cortantes devem sempre ser mantidos fora do alcance das crianças, seja trancados em armários com trava ou chave, seja em lugares muito altos para os pequenos.
Esse tipo de precaução evita acidentes que causam intoxicação, por exemplo, assim como lesões causadas por cortes, queimaduras e outros danos. Objetos pequenos também podem entrar nessa lista, já que a criança pode tentar ingeri-los e acabar se sufocando.
Tire os móveis debaixo das janelas
A partir de certa idade, as crianças começam a escalar sempre que conseguem para chegar a lugares mais altos. Por isso, não deixe poltronas, sofás, estantes, cômodas ou outros móveis embaixo de janelas, para evitar que seu filho escale e sofra um acidente.
Esses foram alguns exemplos do que você pode fazer para deixar a casa mais segura para os pequenos. Mas acidentes podem acontecer ainda assim e, por isso, é melhor estar preparado.
Montando um kit de primeiros socorros
O kit de primeiros socorros pode ajudá-lo a fazer curativos, estancar sangramentos e prestar assistência a quem precisa enquanto estiver a caminho do hospital, ou esperando uma ambulância. Ele também serve para cuidar de ferimentos como cortes e queimaduras no geral.
Alguns lugares vendem kits de primeiros socorros prontos, mas nem todos vão ter tudo o que sua família precisa e, às vezes, vão conter elementos que mais atrapalham do que ajudam. Não é preciso ter uma caixa especial para guardar esses itens – já que qualquer caixa serve –, mas pode ser útil deixá-los em uma bolsa de fácil transporte, caso sua família viaje bastante.
Veja abaixo alguns itens que devem compor esse kit:
Termômetro para fazer medições de temperatura quando houver suspeita de febre;
Analgésicos e antitérmicos em líquido ou em gotas, para facilitar a ingestão pelas crianças. Pergunte ao seu pediatra que dose deve ser ministrada e tenha essas informações anotadas;
Medicação contra náuseas e vômitos, também em gotas ou líquida, sempre sob prescrição médica;
Cremes, loções ou pomadas para picadas de inseto, assim como repelentes, que sejam adequados para a idade do seu filho. Em caso de dúvida, consulte o pediatra;
Protetor solar e pomada, creme ou loção para tratar queimaduras de sol. Busque por produtos sem cânfora se seu filho tiver menos de 2 anos;
Água oxigenada, ou outro tipo de líquido bactericida para ser utilizado na limpeza de cortes e machucados no geral;
Curativos adesivos para machucados em geral, de diversos tamanhos;
Gaze e ataduras para fazer compressas, limpar e proteger ferimentos;
Um rolo de esparadrapo ou fita microporo;
Uma tesoura afiada e uma pinça;
Soro fisiológico;
Seringa, conta-gotas, colher medidora ou copinho para medir os remédios dados para crianças;
Remédios e itens para necessidades específicas do seu filho, como antialérgicos, bombinha de asma e o que mais for recomendado pelo médico. Mesmo que ele já use um equipamento, como a bombinha, é importante ter um adicional caso o primeiro seja perdido ou danificado de algum modo.
Lembre-se sempre de verificar a data de validade desses produtos e de anotar qual é a dose recomendada de cada medicamento. Quando for conversar sobre isso com seu pediatra, pergunte se ele recomenda mais alguma coisa específica que seja apropriada para seu filho.
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Não se esqueça de manter esse kit fora do alcance de crianças e em um lugar bem ventilado para que nenhum medicamento estrague antes do tempo normal. Você pode manter um kit como esse em casa e uma versão em miniatura na bolsa do bebê, ou no carro da família. Se a criança passa bastante tempo na casa dos avós, por exemplo, vale a pena ter um kit nela também.
O mais importante é se manter preparado para emergências e saber como utilizar cada item desse kit quando for necessário.
Primeiros socorros: procedimentos básicos para as ocorrências mais comuns
Manter sua casa confortável e segura para que o bebê possa brincar e explorar sem correr muitos riscos é um bom primeiro passo para garantir a segurança dele, e ter um kit de primeiro socorros pode ajudar muito quando ele ficar doente ou se machucar. Mas o que fazer em casos mais graves?
Abaixo, vamos dar alguns exemplos de situações que podem ocorrer com bebês e crianças pequenas e as direções gerais que você deve tomar para aplicar os primeiros socorros.
Não se esqueça de que, em muitos desses casos, é essencial procurar ajuda profissional. Os primeiros socorros só garantem que a criança estará consciente e com todos os sinais vitais quando chegar ao hospital.
Cortes e perfurações
Quando o bebê sofrer algum corte ou perfuração, comece lavando o local com água limpa e corrente. Comprima o local do sangramento com um pano limpo e, se for um corte ou perfuração profundo, procure uma emergência pediátrica.
Mas atenção: não amarre o membro que sofreu o corte na tentativa de fazer um torniquete. Bebês e crianças pequenas são muito sensíveis, e isso pode trazer mais complicações do que benefícios. Apenas comprima o sangramento.
Fraturas e torções
Quando houver torção ou suspeita de fratura, coloque gelo no local e verifique se há hematoma. O aumento do inchaço e do hematoma são sinais de que pode ter havido fratura no osso, mas apenas uma radiografia pode confirmar. O gelo, além de diminuir o inchaço, também alivia a dor, então continue fazendo a compressa até chegar a um hospital.
Respostas alérgicas
Algumas das respostas alérgicas mais comuns são olhos e lábios inchados, vermelhidão, náuseas, vômitos, taquicardia e problemas para respirar. Se seu filho estiver apresentando algum desses sinais, leve-o imediatamente a um hospital para evitar o choque anafilático, que pode ser fatal. No caminho, mantenha-o com a cabeça ereta, em uma posição que facilite a respiração.
Mordidas de animais
Se seu filho for mordido por um inseto e tiver apenas coceira ou vermelhidão, é possível leva-lo ao hospital sem tomar qualquer precaução anterior. Se ele tiver alguma ferida, lave o local com água limpa antes de procurar ajuda profissional.
Se a mordida for de outro tipo de animal, como gatos e cachorros, lave o local com água limpa e, se houver sangramento, comprima a ferida com um pano até chegar ao local de atendimento.
Quedas e traumas
Quedas e traumas são o tipo de acidente mais comum entre bebês. Por isso, é importante que os pais mantenham a calma e verifiquem se ele está respirando normalmente. Se houver alguma alteração de comportamento, também é importante procurar uma emergência.
Muitos pais acreditam que não podem deixar o bebê dormir após a queda, mas se o sono dele for normal e sem complicações, não há problema. Se o trauma deixar um hematoma ou inchaço, aplique gelo para diminuí-lo. Se não houver redução, procure uma emergência pediátrica.
Queimaduras
O primeiro passo, em caso de queimaduras, é retirar o que causou a queimadura e lavar o local com água corrente. Não utilize sabonetes, não passe qualquer tipo de produto e nem esfregue a pele: apenas coloque a queimadura em sob a água corrente. Se a roupa grudou na pele devido à queimadura, não tente retirar o tecido para não danificar a pele: lave o local ainda com a roupa.
Se a criança estiver consciente, ofereça água para ela beber, já que queimaduras podem levar à desidratação pela perda de líquidos na área prejudicada. Depois de feitos esses procedimentos, procure ajuda profissional, levando a criança a uma emergência.
Intoxicação
Se a criança ingeriu algum produto tóxico, não tente fazê-la vomitar e nem a obrigue a ingerir qualquer outra coisa – nenhum dos dois procedimentos vai ajudá-la a se recuperar. Se ela não estiver consciente, leve-a a uma emergência imediatamente. Se estiver, ligue para a emergência, descreva o que ela ingeriu e a quantidade para que eles deem as orientações necessárias.
Casos de ressuscitação
Aprender a fazer manobras de ressuscitação é uma parte essencial da prestação de primeiros socorros, porque elas podem ser utilizadas em diversas situações, desde acidentes domésticos até acidentes de trânsito. As manobras de ressuscitação podem ser divididas em dois blocos: a respiração boca a boca e a massagem torácica.
Respiração boca a boca
Deite a criança de barriga para cima e coloque sua boca sobre a boca e o nariz dela. Sopre o ar devagar até perceber que o peito da criança está subindo. Faça duas respirações com pausas, deixando o ar sair entre elas.
Massagem torácica
Trace uma linha imaginária no centro do peito da criança, entre os mamilos. Dois dedos abaixo dessa linha, posicione dois dos seus dedos. Com a mão livre, segure a cabeça da criança. Realize 30 compressões rápidas, cada uma com menos de um segundo, afundando o peito no máximo 2 centímetro. Faça os movimentos de forma controlada, sem ser brusco para não causar nenhum dano.
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Intercale as duas respirações com as 30 compressões enquanto espera o socorro chegar. Mesmo que a criança acorde e demonstre estar bem, leve-a ao hospital para fazer os exames necessários.
Afogamento
Esse é um dos tipos de ocorrência que precisa de socorro o mais rápido possível, pois a asfixia pode levar a óbito em apenas 5 minutos. Por isso, preste atenção nas indicações e aplique os primeiros socorros assim que perceber o afogamento.
Quando resgatar a criança, observe se ela está respirando. Deite-a de barriga para cima, incline a cabeça dela para cima e levante o queixo de leve. Perceba se o tórax está se movimentando e se aproxime para sentir se o ar está saindo pelo nariz ou pela boca dela. Se houver respiração, ela não está asfixiada.
Caso não haja respiração, chame a emergência e inicie os procedimentos de respiração boca a boca e massagem torácica. O ideal é que você comece os procedimentos imediatamente, e outra pessoa faça a ligação para a emergência.
Engasgo ou sufocamento
Para começar os primeiros socorros em um bebê ou criança pequena que está engasgando, primeiro confira se ela está respirando. Se estiver tossindo ou chorando, por exemplo, quer dizer que o ar está entrando nos pulmões. Por isso, deixe-o tossir para eliminar o que estiver obstruindo as vias aéreas.
Já se ele não estiver respirando, chame a emergência e inicie as manobras de desengasgo apropriadas para crianças. Não tente aplicar a manobra de Heimlich em crianças com menos e sete anos, porque ela é muito agressiva e pode comprometer as costelas dos pequenos, prejudicando muito mais do que ajudando.
Se a criança estiver consciente, posicione-a de bruços em cima de um dos braços. Então, realize cinco compressões entre as escápulas, no meio das costas dela. Essa manobra é mais fácil de fazer quando há mais de um adulto por perto – um segura a criança enquanto o outro faz as compressões.
Depois, vire-a de barriga para cima, ainda apoiada no braço, e realize mais cinco compressões no esterno, o osso que divide o peito ao meio. Mesmo que a criança não consiga expelir o objeto que está obstruindo, continue fazendo essa manobra até que o atendimento de emergência chegue.
Se o bebê estiver inconsciente, coloque-o deitado de costas e libere suas vias aéreas. Verifique se ele está respirando e, se não estiver, faça duas respirações boca a boca, como descrito nas manobras de ressuscitação acima. Continue fazendo as respirações até que a emergência chegue ou até que o bebê volte a respirar normalmente.
Em todos esses casos, deixar de chamar a emergência, ou de levar a criança para o hospital, não é uma opção viável. Mesmo que a criança volte a ficar consciente ou a respirar, apenas exames mais profundos podem encontrar lesões que não são visíveis aos olhos de quem não é profissional na área.
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O mais importante, em todas essas situações, é manter a calma. Mesmo que seja um momento difícil, prestar os primeiros socorros é o que você pode fazer de melhor para a criança. Com a assistência certa, ela vai se recuperar em pouco tempo, e o acidente em questão será apenas um susto.
Comente nesse post se você já passou por situações assim com seu filho e como usou os primeiros socorros para ajudá-lo!