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Tudo o que você precisa saber sobre amamentação

Tudo o que você precisa saber sobre amamentação
Alô Bebê
Aug. 15 - 18 min read
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Em agosto, ocorre a Semana Mundial do Aleitamento Materno, um período em que o mundo para para discutir o tema e pensar: “E eu? Já fiz minha parte hoje para promover a amamentação?”.

Essa é a pergunta que todas as pessoas devem se fazer. Porque ela vai motivar as ações e os comportamentos que podem fazer toda a diferença na vida de um bebê, de uma mãe, de uma família e de uma geração inteira.

Talvez, por não estar amamentando, ou não ser pai de um bebê que ainda mama, você imagine que amamentação não é um assunto para você. Talvez, você esteja justamente amamentando, mas não tenha ainda parado para pensar como e quanto essa questão é importante.

Para começar, sim, você – como eu e como todo mundo – tem sim a ver com amamentação. É um tema para a humanidade inteira. E por que? Porque o aleitamento materno traz infinitos benefícios para as crianças, que carregam consigo o futuro do planeta.

Ou seja, se a gente garantir que as crianças tenham acesso ao direito da amamentação, estaremos produzindo uma geração inteira de pessoas mais saudáveis e conscientes, gente com bons vínculos familiares, que vive bem e vive mais. Quem pode ser contra isso?

Acontece que amamentar não é um ato banal, nem trivial. É uma construção e pode ser bem difícil, principalmente no início da vida do bebezinho.

Mais que isso, se a família não apoiar, se o marido ficar com vergonha e desestimular a mulher a amamentar em público, se os locais público não permitirem amamentação, se a indústria alimentícia financiar campanhas que desestimulam o aleitamento materno, se o pediatra pressionar muito pelo ganho de peso, se o local de trabalho não liberar a mãe para a ordenha, ou para sair para amamentar seu bebê, e mais um milhão de “se”, a amamentação pode não ser bem sucedida dentro de uma casa, numa cidade, no mundo todo.

Repare que essas negativas se dão desde o círculo mais íntimo e chega até as políticas públicas. Por isso é que todos nós temos tudo a ver com isso.

ONU, OMS e Unicef

Amamentação é tão importante que as grandes instituições mundiais que cuidam da infância e da saúde tratam do tema o ano inteiro e, de tempos em tempos, soltam resoluções e ideias para que a mulher e a criança recebam tudo que têm direito nesse quesito.

Em abril de 2018, por exemplo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) publicaram uma nova orientação com dez passos para aumentar o apoio ao aleitamento materno nas unidades de saúde.

Não é lei, mas vale como bula e receituário. Todos os locais que atendem mães e bebês devem promover a amamentação de acordo com essa cartilha.

A primeira grande razão? A amamentação de todos os bebês nos primeiros dois anos pode salvar a vida de mais de 820 mil crianças com menos de cinco anos todos os anos.

Só isso já justificaria a atenção à amamentação. Mas tem mais. As informações foram tiradas do documento divulgado pela OMS e Unicef.

A amamentação traz saúde para a pessoa por toda a vida e reduz os custos para as unidades de saúde, famílias e governos.

O aleitamento materno na primeira hora de nascimento protege os recém-nascidos de infecções e salva vidas.

Os bebês correm maior risco de morte por diarreia e outras infecções quando são amamentados parcialmente ou não são amamentados.

A amamentação também melhora a inteligência e o aprendizado, além da frequência escolar. Quem foi amamentado na infância ganha melhores rendimentos na vida adulta.

Amamentação derruba as chances de uma mulher desenvolver câncer de mama. Reduz o sangramento no pós-parto e, com isso, melhora a recuperação da mãe.

A nova orientação sugere atuações bem práticas para proteger, promover e apoiar o aleitamento materno em unidades que prestam serviços de maternidade e bebês. Recomenda e reforça que as crianças sejam amamentadas na primeira hora de nascidas e alimentadas exclusivamente com leite materno até os seis meses e que a amamentação prossiga até os dois anos ou mais.

Saúde!

A insistência dos especialistas tem boas razões de ser. Todo mundo já sabe que o leite materno é o melhor alimento para bebês e que complementa a alimentação de crianças até dois anos.

Todo mundo sabe também que a amamentação vale como vacinas ultrapotentes.

Sozinho, o leite evita 13% das mortes de crianças com menos de 5 anos por causas passíveis de prevenção, segundo a revista Lancet.

O que pouca gente conta, mas que vale a pena saber é que o início precoce da amamentação, ou seja, até uma hora após o nascimento, protege o recém-nascido de infecções. Proteger de doenças é, em outras palavras, reduzir a mortalidade infantil.

Diarréia, uma doença contornável e evitável, mas que pode matar por desnutrição, não afeta – ou afeta suavemente – bebês que mamam no peito.

Se, para crianças com boas condições de saúde e que vivem em centros urbanos, diarreia e desidratação são coisa séria, imagine para aqueles que moram em locais sem saneamento básico e sem serviços de saúde. Situação bem frequente em países em desenvolvimento, por exemplo.

Leite materno é vacina e remédio.

O leite materno contém bactérias que protegem os bebês de doenças e fortalecem o sistema imunológico.

O leite de mães que tiveram parto normal é mais rico do que o leite de mães que tiveram cesárea intraparto (depois que o trabalho de parto começou), que é mais rico que o leite de mães que tiveram cesárea eletiva, sem terem passado pelo trabalho de parto.

No entanto, não existe leite fraco. Quanto mais o bebê mama, mais o leite vai se adaptando às suas necessidades.

Não custa repetir: o leite materno é mais que suficiente para o bebê durante os primeiros meses de vida. Resiste à sugestão da avó e não dê chá, água, suco, papinhas.

Complementar com leite artificial, se e somente se o pediatra sugerir.

Se o bebê custa a ganhar peso, a mãe deve oferecer o peito em livre demanda, sempre que o bebê quiser e por quanto tempo ele quiser.

Só vale a pena introduzir alimentos sólidos depois que o bebê se senta sozinho. E até os dois anos é introdução mesmo. O grosso da alimentação e da nutrição do bebê é ainda a amamentação.

Não é preciso ter pressa para que o almoço e o jantar do bebê sejam suficientes para nutri-lo.

Em termos nutricionais, o leite materno continua sendo uma fonte importante de energia e nutrientes para crianças de seis a 23 meses.

Para você ter ideia, o leite supre metade ou mais das necessidades de energia de uma criança entre seis e 12 meses e um terço das necessidades de energia entre 12 e 24 meses.

Se a criança estiver adoentada, aí ele é mais importante ainda, porque oferece anticorpos e nutrientes que ajudam a tirar a criança daquele estado.

Quando se acompanha a curva de crescimento, é fácil notar que crianças e adolescentes que foram amamentados quando bebês apresentam menos obesidade ou excesso de peso.

Trabalho:

Aqui no Brasil, existe uma legislação específica que garante à mulher amamentar seu filho mesmo depois do retorno ao trabalho.

Durante a licença de quatro ou seis meses a amamentação está garantida. A mulher pode ficar em casa com seu bebê e a livre demanda é atendida.

Mas e quando ela retorna ao trabalho tendo de cumprir uma rotina de 8h por dia e mais o deslocamento de ida e de volta?

Para isso, o artigo 396 da CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho, estabelece que para amamentar o próprio filho, até que o bebê complete seis meses de idade, a mulher terá direito, durante a jornada de trabalho, a dois descansos especiais, de meia hora cada um.

Se a empresa permitir, esses intervalos podem continuar acontecendo enquanto a mulher amamentar.

O que é possível fazer com essa hora de intervalo?

Há algumas possibilidades. Se alguém puder trazer e levar a criança em dois momentos até a empresa, a mãe pode amamentar ali, em local adequado.

A mãe também pode usar esse tempo para fazer duas ordenhas e guardar o leite colhido na geladeira, para levar para casa depois.

Há empresas que oferecem um local específico, com freezer e até bomba tira leite elétrica para a mulher fazer a ordenha.

Por fim, a mãe pode negociar para chegar uma hora mais tarde, ou fazer uma hora adicional de almoço, ou ainda sair uma hora mais cedo, para encontrar a criança e amamentar.

Seja qual for o caminho, é lei e precisa ser respeitado.

Em praça pública:

Foram vários casos nos últimos anos que resultaram em uma mudança na legislação. Hoje, várias cidades do país multam estabelecimentos que vierem a impedir que mães amamentem seus filhos em locais públicos.

Mais que isso, lugares públicos e órgãos públicos são obrigados a manter estrutura que atendam as necessidades para amamentar: cadeiras, água para lavar as mãos, lugar reservado, tranquilidade.

Nos Estados Unidos, os 50 Estados já garantem a amamentação em público e também na Europa e países do oriente, existe legislação para apoiar a amamentação.

Por que isso é tão importante?

Porque em vários lugares do mundo, as pessoas confundem alimentação com exibição. O peito da mãe que amamenta é visto como obscenidade. Uma hipocrisia, porque peitos nus aparecem nas praias e no carnaval, transmitido pela TV para o mundo todo.

Uma crueldade, porque o bebê não tem hora para ter fome. Se ele está com a mãe no ônibus, é ali, naquela hora que deve ser amamentado.

A mãe:

É bem legal se a mulher se preparar para amamentar. Isso vale para a parte física e para a emocional.

Fisicamente, é possível esfoliar bem levemente os mamilos, usando uma esponja vegetal. Cinco voltas para cada lado, em cada mamilo. A ideia não é machucar. É, apenas, deixar a pele um pouco mais grossa e resistente para aguentar a sucção.

Bebês sugam com vontade, quanto mais firme for a pele, melhor. Por isso, vale fugir dos hidratantes e óleos de corpo.

Emocionalmente, a mãe precisa estar disposta. Se informar bastante e ter uma rede de ajuda que a apoie para ensinar e tirar as dúvidas que vierem a aparecer.

Todas as maternidades têm equipes de apoio à amamentação 24 horas por dia. O bebê não precisa nem ter nascido para a mãe contar com esse apoio.

Basta ligar e marcar um encontro, ou tirar suas dúvidas.

O pediatra da criança pode ser um bom conselheiro também. Também não é preciso estar com a criança no colo para tirar as dúvidas. Inclusive dúvidas que pareçam estranhas, ou bobas.

Depois que a amamentação começou, é preciso estar atenta a duas frentes: água e comida.

Quem amamenta precisa ingerir mais água. Um litro além do que você já ingeria. Isso porque a água é muito utilizada na produção do leite e entre a nutrição da mãe e a do bebê, o corpo escolhe o bebê e retira da mãe se tiver pouca quantidade.

Mãe desidratada não produz a quantidade de leite suficiente para a criança. Então pode jogar água para dentro. É bem comum a mãe sentir sede durante as mamadas. Por isso, uma ótima medida é proporcionar estrutura para essa mulher.

Quando ela for amamentar, quem estiver por perto pode levar um copo de água bem cheio para ela. Isso ajuda, estimula e é um ótimo carinho.

A segunda atenção é à comida que a mãe ingere, por duas razões. A primeira é que a amamentação consome as calorias e os nutrientes da mãe. É ótimo para emagrecer, mas não pode deixar faltar nada nem para ela e nem para a criança.

Também não precisa comer por dois, não para tanto. Basta acrescentar de 300 a 500 calorias de alimentos bem coloridos e nutritivos à dieta habitual. É bacana consultar um especialista em nutrição para fazer as escolhas certas e as substituições necessárias e inteligentes.

Aqui mora a segunda razão de se alimentar bem. Tudo que a mulher come chega, de um jeito ou de outro até a criança via leite materno. Por isso é muito importante observar a reação do bebê ao que a mãe come. Casos de intolerância a determinados alimentos e casos de reações e irritações a outros são bem frequentes.

Tem criança que apresenta cólica se a mãe toma café ou come chocolate. Tem criança que apresenta mal estar e até sangue nas fezes se a mãe toma leite e come derivados de leite.

Para todos os casos, basta a mãe suspender o que faz mal para a criança que as reações somem. Depois, quando o filho for mais velho, é possível fazer exames mais específicos para detectar alergias e outras intolerâncias.

Emocionalmente, a mãe também pode se sentir vulnerável e precisar de suporte. É muita coisa nova acontecendo e muita responsabilidade. Suprir, literalmente, um serzinho que depende 100% de você é uma tremenda tarefa.

Tem mulheres que rapidinho pegam o jeito. Outras, demoram um pouco mais e isso é bem normal. Alícia é designer, tem uma filha de 4 anos e outra de dois meses. Foi apenas há alguns dias que ela postou nas redes sociais uma foto da mãozinha da bebê sobre o peito dela. Na legenda, o seguinte escrito: ela finalmente relaxou e aproveitou a mamada.

Evidentemente, nessa hora, a mãe também relaxou e começou a curtir a amamentação.

É um processo, uma construção que recomeça a cada dia. A mulher pode se sentir frágil, cobrada e pressionada.

A família, e o pai da criança em especial, devem ajudar sem julgar. O que essa mãe precisa? Ser ouvida? Colo? Orientação? É bonito proporcionar isso e o resultado vale a pena.

Quanto mais segura está a mãe, melhor a coisa toda flui. A saúde do bebê e das crianças do mundo agradecem.

Uma relação duradoura

Mamar até uma hora após nascer, aumenta as chances de a amamentação dar certo e se prolongar. E tudo que age nesse sentido é bem vindo.

Cada gota de leite conta. Cada mamada a mais, conta. Cada semana a mais de amamentação, conta. Cada ano de amamentação conta.

Mariana é empresária, já tem um filho e está esperando o segundo. Ela conta que com o primeiro, a cada mamada terminada, ela jurava que seria a última. Mas combinou com ela mesma que só daria mais a próxima mamada. E, de mamada em mamada, chegou até um ano e quatro meses com Guilherme.

O menino cresceu bem forte e pouco adoeceu. Para esse segundo que chega em dois meses, ela pretende fazer o mesmo. Ir fazendo acordos consigo mesma para prolongar ao máximo a amamentação e, quem sabe, chegar até os dois anos recomendados pela Organização Mundial da Saúde.

O importante aqui não é o sucesso de Mariana, é antes a noção – que precisa ficar clara – que amamentar não é um mar de rosas, é tenso, doi, consome.

Mas é insistindo que a amamentação entra na rotina e ganha o espaço necessário na vida da mulher, da família e das crianças do país.

A principal razão para as mulheres abandonarem a amamentação é a dor e o desconforto. Peito rachado não é só chato. É perigoso. Torna cada mamada um suplício, uma tortura e faz a mulher desistir. E não é só ruim para a criança.

Peito rachado é porta aberta para uma infecção bem séria chamada mastite. Bactérias oportunistas se aproveitam daquele lugar escuro, quentinho e cheio de nutrientes, para fazer a festa.

Por isso, se a amamentação está desconfortável, a mulher precisa de ajuda e de tratamento, com compressa, pomada e antibiótico.

E sem enrolação. Se está doendo, peça ajuda para o pediatra e para obstetra.

A principal causa de mamilo fissurado é uma pega mal feita. Pega é a maneira como o neném abocanha a aréola do peito da mãe.

Tem um jeito certo e não é assim tão instintivo. O bebê pode ser ensinado carinhosamente a pegar direito. Primeiro, precisa abocanhar a maior área possível da aréola e não só o bico. A boca do bebê deve ficar bem aberta e os lábios, para fora, como um peixinho.

Na pega certa, o queixo se move para cima e para baixo e dá para ouvir o neném engolir.

Se estiver dando ruim, de novo, chame uma enfermeira especialista ou procure a maternidade em que o bebê nasceu. Eles orientam e dão aquela força.

Chupetas, mamadeiras e bicos de silicone para o peito não são problema se o bebê já engrenou na amamentação e já está com um peso legal.

Mas até que isso aconteça, evite. Qualquer coisa que confunda o entendimento e o funcionamento da amamentação pode ser adiado. A menos que a criança ou a mãe tenham alguma necessidade especial, é possível contornar as dificuldades, com paciência e acolhimento e batalhar pelo bem maior, que é a amamentação exclusiva até os seis meses e até os dois anos ou mais.

Agora é hora de você dar sua opinião. Comente aqui embaixo sua opinião sobre amamentação exclusiva e a importância do aleitamento materno.


 


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