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O que é a trombofilia na gestação?

O que é a trombofilia na gestação?
Alô Bebê
mai. 24 - 9 min de leitura
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Uma das questões que geram bastante dúvida e preocupação entre as gestantes é a trombofilia – termo médico usado para descrever condições de saúde nas quais os portadores têm uma maior predisposição a sofrer com a formação de coágulos. O que acontece é que, durante a gravidez, as mulheres desenvolvem naturalmente um quadro de hipercoagulabilidade e, caso exista uma condição diagnosticada previamente, o risco de ocorrência de tromboses, embolias, problemas de desenvolvimento do feto e abortamentos espontâneos se torna significativamente mais alto.

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Mas, o que são as trombofilias exatamente, por que elas aparecem, como elas se manifestam, de que maneira são diagnosticadas, quais consequências elas produzem e como as gestantes devem se cuidar para não colocar a vida do feto e a própria saúde em risco? Esses são os assuntos que vamos abordar neste artigo.

Desequilíbrios

Os coágulos, também conhecidos como trombos, consistem em uma defesa natural do organismo contra sangramentos e hemorragias e se formam sempre que ocorre algum tipo de dano ou rompimento de vasos sanguíneos, veias ou artérias. Seu surgimento acontece a partir de uma série de reações químicas entre um tipo de célula sanguínea chamada plaqueta e proteínas – ou fatores de coagulação – presentes na corrente sanguínea.

São esses mecanismos que fazem com que os coágulos se formem e, depois que eles não são mais necessários para estancar sangramentos, não se formem mais e os trombos sejam absorvidos pelo organismo. Entretanto, se esse processo não funciona de maneira eficiente, pode ocorrer o surgimento de coágulos sem necessidade, bem como a obstrução do fluxo sanguíneo até órgãos e tecidos – desencadeando o quadro conhecido como trombose.

Para que o mecanismo de coagulação se dê corretamente, é necessário que as proteínas e os fatores de coagulação estejam em equilíbrio no organismo. Contudo, no caso de pessoas portadoras de trombofilia, é possível que o corpo não produza a quantidade necessária dos fatores de coagulação ou contenha proteínas em excesso; com isso, a tendência para o desenvolvimento de problemas se torna maior.

Tipos de trombofilia

A trombofilia é dividida em duas classificações: a hereditária e a adquirida. No primeiro caso, como o próprio nome sugere, ela se dá por conta de uma predisposição genética herdada dos pais, e existem duas mutações responsáveis pela condição. Uma delas é o Fator V Leiden, e as pessoas que nascem com essa mutação normalmente contam com proteínas de formato diferente do normal.

Essa anomalia faz com que as proteínas envolvidas no processo de coagulação tenham dificuldade de se degradar e acabem se acumulando no organismo; com isso, aumentam as chances de que se formem trombos. A mutação do Fator V Leiden atinge aproximadamente 5% da população e é mais comum entre pessoas brancas e de ascendência europeia.

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A segunda mutação afeta o gene “Protrombina G202210A”, que interfere na capacidade de o organismo produzir trombos. Ela se dá em aproximadamente 2% a 4% da população, também é mais comum em pessoas brancas de origem europeia e pode fazer com que os portadores sejam 6 vezes mais propensos a desenvolver tromboembolismos e tromboses – risco este que é exacerbado pelo uso de anticoncepcionais orais e pela gravidez.

Já as trombofilias adquiridas podem se dar por conta de uma série de fatores, como passar longos períodos acamado após uma cirurgia, ter problemas de mobilidade, ocorrência de fraturas nos membros inferiores, obesidade, ter desenvolvido determinados tipos de câncer e passar muito tempo sem se movimentar durante viagens de avião.

Existe também uma condição autoimune chamada síndrome antifosfolipídica, que se caracteriza pelo fato de o sistema imunológico atacar algumas das proteínas presentes na corrente sanguínea de forma errônea. Esse ataque pode resultar em problemas bastante graves e na formação de coágulos nas veias profundas das pernas – que podem viajar até o coração e os pulmões, dando origem a embolias potencialmente letais.

Em qualquer dos casos, o problema é que nem sempre as trombofilias apresentam sintomas. Sendo assim, as pessoas portadoras muitas vezes nem desconfiam que têm a condição ou apresentam sintomas muito sutis e difíceis de identificar.

Trombofilia na gestação

Você se recorda de termos mencionado no comecinho do artigo que as mulheres desenvolvem um quadro de hipercoagulabilidade durante a gestação, certo? O que ocorre é que nessa fase os fatores de coagulação aumentam – ao mesmo tempo que a atividade de determinadas proteínas envolvidas nesse processo diminui –, e as grávidas passam a apresentar uma resistência natural à ativação do mecanismo que contribui para anticoagulação. Isso tudo ocorre em preparação para o parto, para frear sangramentos e hemorragias.

Entretanto, as grávidas portadoras de alguma trombofilia acabam tendo uma tendência ainda maior a desenvolver coágulos, a pré-eclâmpsia grave e a eclampsia, tromboses arteriais, embolias pulmonares e obstruções em veias cerebrais. Além disso, a condição pode dar origem a anormalidades e descolamento prematuro de placenta e afetar o desenvolvimento do feto, ademais de poder resultar em um elevado risco de que ocorram infartos, abortamentos espontâneos, acidentes vasculares cerebrais e até a morte da gestante.

Diagnóstico e tratamento

As mulheres com histórico familiar de tromboses devem informar seus médicos, preferencialmente antes de engravidar, e o diagnóstico é feito através de exames de sangue que identificam as mutações genéticas relacionadas com problemas de coagulação.

Ademais, mulheres com dificuldades para engravidar ou que sofreram mais de três abortamentos espontâneos, especialmente no início da gestação, podem ser portadoras de uma trombofilia sem saber, uma vez que os coágulos podem impedir que o fluxo sanguíneo chegue até a placenta, que o embrião receba os nutrientes necessários e que a sua implantação no útero ocorra.

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Para as mulheres sem histórico familiar, entre os fatores de risco relacionados com a trombofilia estão engravidar depois dos 35 anos, a presença de varizes, ter sofrido episódios anteriores de tromboses ou obstruções, ter tratado algum tipo de câncer, gestações gemelares, obesidade, anemia, padecer de determinadas doenças cardíacas e ser cadeirante.

Já o tratamento envolve, basicamente, evitar a formação de coágulos e o monitoramento para que a portadora não sofra sangramentos e hemorragias. Assim, normalmente os médicos sugerem o uso de determinados medicamentos para evitar que se formem trombos e, durante a gestação, que as mulheres sejam acompanhadas de perto pelo obstetra e, se necessário, por um cirurgião vascular.

De modo geral, as grávidas com trombofilia precisam de injeções diárias de medicamentos que controlam a coagulação do sangue. As aplicações acontecem em casa mesmo – na barriga ou outra parte do corpo, como as coxas, por exemplo – pela própria gestante, se ela assim desejar. Também é importante que a grávida que tenha sido diagnosticada com alguma trombofilia avise o obstetra toda vez que fizer alguma viagem, já que existe a possibilidade de aumentar a dose do medicamento para a ocasião.

Além disso, dependendo do tipo de trombofilia e da gravidade do quadro, o obstetra pode solicitar que o parto seja programado para evitar riscos desnecessários, e a aplicação do medicamento deve continuar durante um período após o nascimento do bebê, o qual pode chegar a 40 dias, mais ou menos.

Como evitar?

No caso das trombofilias adquiridas por herança genética, infelizmente não há nada que as mulheres possam fazer – além de seguirem as orientações médicas ao pé da letra e ficarem alertas. Mas, no caso das adquiridas, algumas orientações são manter o peso sempre saudável, praticar exercícios físicos regularmente e evitar ficar muito tempo inativa – práticas que, na verdade, devem ser seguidas por todas as gestantes (e por quem não é gestante também!).

Além disso, o obstetra sempre deve ser informado de histórico de tromboses e embolias na família e, se for inevitável ficar em uma mesma posição por muito tempo, como durante viagens de carro ou de avião, caso o médico não recomende a aplicação de injeções de anticoagulantes, é recomendado que as gestantes façam uso de meias de compressão.

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E você, foi diagnosticada ou conhece alguma gestante portadora de trombofilia? Não deixe de contar a sua experiência nos comentários – e de compartilhar as informações deste artigo com outras mulheres!


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